Boa Tarde Estrelinhas, como estão?
Hoje trago-vos uma pequenita entrevista, desta vez com a nossa querida Carina Rosa :)
Hoje trago-vos uma pequenita entrevista, desta vez com a nossa querida Carina Rosa :)
1º Carina, pode falar um pouco de si, o que faz,
o que gosta e detesta?
Por onde começar sem ser demasiado extensiva? Sou natural de Lisboa, mas
vivo no Algarve desde sempre, tenho 28 anos e uma grande paixão pelo desporto,
pela arte e pela cultura no geral. Quando começou isto? Talvez quando a minha
mãe me inscreveu na ginástica, tinha eu seis anos. Muito resumidamente,
apaixonei-me por aquilo e quando dei por mim estava na competição. Esta
levou-me à alta competição, uma época em que fiz parte da selecção Nacional de
Trampolins e Desportos Acrobáticos, como atleta de par feminino de Ginástica
Acrobática. O desporto, porém, não era a minha única paixão e eu lia e escrevia
nos tempos livres. Não me licenciei em desporto, como muitos e a maioria dos
atletas, mas em ciências da Comunicação, para poder dar largas à minha paixão
pelas letras. Fui jornalista de imprensa, de rádio e de uma televisão online,
mas era a imprensa que me apaixonava, até que o jornal onde eu trabalhava
fechou, vítima dessa nuvem negra que nos abate constantemente, mesmo em dias de
sol, chamada crise. O que faço hoje? Ginástica. Depois de alguns anos afastada
daquela que foi desde sempre a minha casa (por muitos motivos, sendo o cansaço
e as lesões os piores deles) regressei, quando a minha antiga treinadora me
chamou para trabalhar com ela, dando aulas de ginástica de formação a crianças
e jovens. Aceitei e é lá que me encontro até hoje, vai fazer três anos, acho.
Estou de momento a tirar o curso de treinadores de ginástica de primeiro grau e
a escrita é um hobbie que levo muito a sério. Acho que sou muito versátil,
gosto de muita coisa distinta, sou várias personagens dentro de uma. À parte
esta vida e estas paixões agitadas, sou muito tímida, reservada, gosto muito do
meu refúgio e de um pouco de solidão. Por
outro lado, adoro a minha família e ter a oportunidade de passar algum tempo
com eles. O que detesto? Não diria bem detestar, mas não gostar muito: saídas à
noite em bares e discotecas dispenso; o meu serão de sonho é silêncio e um bom
livro nas mãos ou uma boa sessão de cinema. Detestar mesmo só o cinismo, a
falsidade e a maldade. Não sou pessoa de grandes ódios. Gostos? Muitos:
leitura, cinema, dança, música, desporto e tudo aquilo que tiver em si uma
essência artística.
2º Uma vez que vamos falar de livros, de que
género literário gosta?
Cresci como a menina dos romances contemporâneos e durante muitos anos
era tudo o que lia, com pena minha. Um autor deve também ser diversificado, ler
muita coisa e de géneros distintos para poder alargar a sua capacidade de
entendimento do mundo e de escrita. Actualmente, leio de tudo um pouco e um bom
livro é um bom livro, independentemente do seu género. No entanto,
pessoalmente, opto por géneros como o contemporâneo e o histórico.
3º Algum autor preferido? Porquê?
Tenho muitos. Durante muitos anos, adorei Nicholas Sparks e Nora
Roberts, mas a idade e as experiências também nos alargam os horizontes e
confesso que, a nomear alguém, a minha escolha recairá sobre Natasha Solomons. Li
apenas um livro dela, «Uma casa de família» e é um excelente livro, mas não é
por esse motivo que a nomeio. Temos grandes autores e grandes obras em todo o
mundo, mas nem sempre encontramos escritas peculiares. A escrita de Natasha
Solomons é especial, na capacidade que a autora tem em revisitar o passado, em
causar suspense e tensão a cada linha, em levar o leitor a enamorar-se de cada
diálogo, de cada frase. Acho que é inexplicável tudo aquilo que ela me fez
sentir ao longo da história.
4º O que a motivou a escrever?
Necessidade, talvez. A necessidade que eu tinha de deitar para fora
aquilo que tinha cá dentro: tantos pensamentos, tantas ideias escondidos,
presos, retraídos. Tinha de o fazer. Acho que quando começamos a escrever, é
uma espécie de missão aquilo que nos domina. No meu caso foi assim. É também um
vício criar histórias e personagens, um vício tão grande que é impossível
parar, depois de termos começado. A escrita é o meu refúgio, a forma que tenho
de me esconder, mostrando-me, poder dizer ao mundo aquilo que sinto e penso,
através de outras histórias e outras pessoas. Ou por outro lado, por vezes,
poder usar pensamentos e acções de outros e torna-los meus: ser outra pessoa
por momentos, fazer coisas que nunca fiz e que gostaria ou que jamais me
atreveria. Escrever é ser livre, no fundo, e penso que foi também essa
liberdade aquilo que me motivou a escrever. Num jornal, temos um assunto e um
espaço contado, com linhas e ideias restritas e eu sentia-me sempre presa
quando tentava os meus floreados. Quando vejo uma folha em branco, sinto-me
livre e isso é felicidade.
5º Das
duas obras já publicadas, qual é para si o seu menino? E porquê?
Seria fácil escolher entre ambas em termos de qualidade, por motivos
óbvios como a experiência e a prática, mas é difícil fazê-lo quando são ambos
meus filhos. «O intruso» tem muito de mim, demasiado, até, no tema, com o qual
me identifico, na personagem principal, que tem muitos dos meus problemas e
complexos, na forma de escrever, que nessa altura era curta, concisa, muito
adaptada a um jornal. Posso dizer que «O intruso» é todo meu, porque não foi
revisto, nem apreciado por verdadeiros críticos, nem leitores-beta. Quem me
conhece, reviu-me nele e isso é bom e mau ao mesmo tempo. Um bom escritor
consegue distanciar-se tanto de si mesmo na história que o leitor não consegue
vê-lo, conhecê-lo. Sei que não me distanciei nada ou muito pouco nesse meu
primeiro romance, mas será sempre o meu menino, o meu primeiro. «As Gotas de um
Beijo» leva outra bagagem, outra experiência e qualidade. Foi revisto, foi
modificado, melhorado e, na minha opinião, é um melhor romance. Cada um à sua
maneira tem o seu valor e não consigo escolher entre um e outro para meu
preferido. Para os leitores, sem dúvida: «As Gotas de um Beijo».
6º O que
podem as leitoras encontrar nos seus Romances?
Disse leitoras, mas acho que são romances para leitores, não obstante a
capa de «As Gotas de um Beijo» ser demasiado cor-de-rosa (já me avisaram).
Amor, paixão, carinho e ódio, sentimentalismo e verdade é o que os leitores
poderão encontrar. Verdade, sem dúvida. Não gosto de escrever romances
cor-de-rosa. Gosto de escrever histórias reais, com personagens cheios de
defeitos e algumas qualidades. Também adoro um toque de ousadia.
7º Há alguma obra a caminho? Pode falar-nos sobre
ela?
Sim! Estou tão ansiosa de poder falar abertamente sobre ela! Tem como
título provisório «O palácio dos meus sonhos» (poderá ser alterado) e fala de
amor, de vários tipos de amor, e do facto de nem sempre amarmos uma única
pessoa ao longo da nossa vida. Acima de tudo, tento passar, através deste
livro, a mensagem de que, por vezes, o amor não basta, e que a idade e a experiência
acabam por ditar-nos aquilo que será mais importante na nossa vida: a paixão ou
a estabilidade. Clara e Santiago são os dois
protagonistas da história e vivem um casamento feliz, planeando construir um
palácio de sonho. Mas quando, numa concentração de motas, Clara reencontra o
homem que quase destruiu a sua vida, o passado mistura-se com o presente e a
sua felicidade ao lado de Santiago pode estar ameaçada.
É uma história de amor
e de amizade, de sonhos e de perdas, que nos leva ao mundo do crime, das drogas
e da discriminação racial. Um tributo à família, à paz e à estabilidade, um
mundo de escolhas e de segundas oportunidades, uma ode aos que amam e sabem
amar-se, e à felicidade nas pequenas coisas.
Segundo a editora, a
obra estará na rua em finais de Novembro ou inícios de
Dezembro e vai ser uma nova experiência para mim, numa nova casa e num novo
formato, que me causa alguma ansiedade. Só posso desejar que os leitores que me
acompanharam até aqui possam continuar a fazê-lo e que a obra seja tão lida ou
mais ainda do que as outras têm sido. Eu diria que valerá a pena.
8º Das
suas obras, qual seria a primeira a recomendar?
Sem dúvida «As Gotas de um Beijo». Não que «O Intruso» me envergonhe,
mas o meu segundo romance está melhor acabado, melhor pensado e acredito que a
maioria dos leitores vá apreciá-lo, como tem apreciado até aqui. As críticas
têm sido bastante boas, na sua maioria, e só me posso sentir feliz. É um livro
para românticos, com personagens e problemas da vida real, e penso que o leitores
se identificam com todo esse cenário.
9º O Que acha mais difícil, quando se é escritor
em Portugal?
Primeiro: chegar aos leitores. As obras chegam a uma ninharia, não só
porque Portugal é pequeno, mas principalmente porque o leitor português não
valoriza o autor português. O leitor português quer o bestseller internacional,
o autor internacional que escreveu o bestseller e torce o nariz a obras de
autores portugueses. Acho que isso tem muito a ver com o espírito da maioria do
português, que acha que só é bom o que é feito lá fora. As editoras apoiam essa
corrente, porque publicam aquilo que vende e aquilo que vende é estrangeiro.
Logo, os autores portugueses têm pouca oportunidade de publicação e quando têm,
não vendem porque ninguém acredita neles. Quando se é um autor novo e
desconhecido, a situação é ainda mais preocupante. Salva-nos apenas o facto de
não escrevermos, nós, autores, para vender ou sequer ser publicados. Escrevemos
por prazer e esse prazer mantém-se, mesmo quando as obras estão na gaveta. É
claro que todos queremos, depois disso, levar a nossa obra ao mundo, e isso só
se consegue com muito trabalho, persistência e paciência, mas sobretudo amor às
letras.
10º O Que aconselha aos novos escritores, que
mantêm o manuscrito na gaveta?
Escrevam por prazer. Quando o prazer passar a obrigação, não vale a pena
continuar a escrever. É isso que faz da escrita um bom momento de lazer e não
um trabalho. Sejam humildes o suficiente para aceitar os próprios erros e
melhorá-los. Não sejam medianos, sejam os melhores, criativos, originais,
únicos. Escrevam primeiro para vós, depois para os outros. Apaixonem-se pelos
vossos personagens e pela vossa história. Sejam corajosos para enviar os vossos
escritos a leitores-beta que os avaliem e ajudem a melhorar e nunca desistam de
transmitir a vossa mensagem a quem um dia sentirá o cheiro do vosso livro e a
textura das páginas folheadas.
Obrigada Carina, pela atenção e simpatia :)
Página do Facebook da Autora
Página do Facebook da Autora
0 comentários:
Enviar um comentário