terça-feira, outubro 07, 2014

Entrevista Carina Rosa

Boa Tarde Estrelinhas, como estão?

Hoje trago-vos uma pequenita entrevista, desta vez com a nossa querida Carina Rosa :)



1º Carina, pode falar um pouco de si, o que faz, o que gosta e detesta?

Por onde começar sem ser demasiado extensiva? Sou natural de Lisboa, mas vivo no Algarve desde sempre, tenho 28 anos e uma grande paixão pelo desporto, pela arte e pela cultura no geral. Quando começou isto? Talvez quando a minha mãe me inscreveu na ginástica, tinha eu seis anos. Muito resumidamente, apaixonei-me por aquilo e quando dei por mim estava na competição. Esta levou-me à alta competição, uma época em que fiz parte da selecção Nacional de Trampolins e Desportos Acrobáticos, como atleta de par feminino de Ginástica Acrobática. O desporto, porém, não era a minha única paixão e eu lia e escrevia nos tempos livres. Não me licenciei em desporto, como muitos e a maioria dos atletas, mas em ciências da Comunicação, para poder dar largas à minha paixão pelas letras. Fui jornalista de imprensa, de rádio e de uma televisão online, mas era a imprensa que me apaixonava, até que o jornal onde eu trabalhava fechou, vítima dessa nuvem negra que nos abate constantemente, mesmo em dias de sol, chamada crise. O que faço hoje? Ginástica. Depois de alguns anos afastada daquela que foi desde sempre a minha casa (por muitos motivos, sendo o cansaço e as lesões os piores deles) regressei, quando a minha antiga treinadora me chamou para trabalhar com ela, dando aulas de ginástica de formação a crianças e jovens. Aceitei e é lá que me encontro até hoje, vai fazer três anos, acho. Estou de momento a tirar o curso de treinadores de ginástica de primeiro grau e a escrita é um hobbie que levo muito a sério. Acho que sou muito versátil, gosto de muita coisa distinta, sou várias personagens dentro de uma. À parte esta vida e estas paixões agitadas, sou muito tímida, reservada, gosto muito do meu refúgio e de um pouco  de solidão. Por outro lado, adoro a minha família e ter a oportunidade de passar algum tempo com eles. O que detesto? Não diria bem detestar, mas não gostar muito: saídas à noite em bares e discotecas dispenso; o meu serão de sonho é silêncio e um bom livro nas mãos ou uma boa sessão de cinema. Detestar mesmo só o cinismo, a falsidade e a maldade. Não sou pessoa de grandes ódios. Gostos? Muitos: leitura, cinema, dança, música, desporto e tudo aquilo que tiver em si uma essência artística.

2º Uma vez que vamos falar de livros, de que género literário gosta?

Cresci como a menina dos romances contemporâneos e durante muitos anos era tudo o que lia, com pena minha. Um autor deve também ser diversificado, ler muita coisa e de géneros distintos para poder alargar a sua capacidade de entendimento do mundo e de escrita. Actualmente, leio de tudo um pouco e um bom livro é um bom livro, independentemente do seu género. No entanto, pessoalmente, opto por géneros como o contemporâneo e o histórico.

3º Algum autor preferido? Porquê?

Tenho muitos. Durante muitos anos, adorei Nicholas Sparks e Nora Roberts, mas a idade e as experiências também nos alargam os horizontes e confesso que, a nomear alguém, a minha escolha recairá sobre Natasha Solomons. Li apenas um livro dela, «Uma casa de família» e é um excelente livro, mas não é por esse motivo que a nomeio. Temos grandes autores e grandes obras em todo o mundo, mas nem sempre encontramos escritas peculiares. A escrita de Natasha Solomons é especial, na capacidade que a autora tem em revisitar o passado, em causar suspense e tensão a cada linha, em levar o leitor a enamorar-se de cada diálogo, de cada frase. Acho que é inexplicável tudo aquilo que ela me fez sentir ao longo da história.

4º O que a motivou a escrever?

Necessidade, talvez. A necessidade que eu tinha de deitar para fora aquilo que tinha cá dentro: tantos pensamentos, tantas ideias escondidos, presos, retraídos. Tinha de o fazer. Acho que quando começamos a escrever, é uma espécie de missão aquilo que nos domina. No meu caso foi assim. É também um vício criar histórias e personagens, um vício tão grande que é impossível parar, depois de termos começado. A escrita é o meu refúgio, a forma que tenho de me esconder, mostrando-me, poder dizer ao mundo aquilo que sinto e penso, através de outras histórias e outras pessoas. Ou por outro lado, por vezes, poder usar pensamentos e acções de outros e torna-los meus: ser outra pessoa por momentos, fazer coisas que nunca fiz e que gostaria ou que jamais me atreveria. Escrever é ser livre, no fundo, e penso que foi também essa liberdade aquilo que me motivou a escrever. Num jornal, temos um assunto e um espaço contado, com linhas e ideias restritas e eu sentia-me sempre presa quando tentava os meus floreados. Quando vejo uma folha em branco, sinto-me livre e isso é felicidade.

5º  Das duas obras já publicadas, qual é para si o seu menino? E porquê?

Seria fácil escolher entre ambas em termos de qualidade, por motivos óbvios como a experiência e a prática, mas é difícil fazê-lo quando são ambos meus filhos. «O intruso» tem muito de mim, demasiado, até, no tema, com o qual me identifico, na personagem principal, que tem muitos dos meus problemas e complexos, na forma de escrever, que nessa altura era curta, concisa, muito adaptada a um jornal. Posso dizer que «O intruso» é todo meu, porque não foi revisto, nem apreciado por verdadeiros críticos, nem leitores-beta. Quem me conhece, reviu-me nele e isso é bom e mau ao mesmo tempo. Um bom escritor consegue distanciar-se tanto de si mesmo na história que o leitor não consegue vê-lo, conhecê-lo. Sei que não me distanciei nada ou muito pouco nesse meu primeiro romance, mas será sempre o meu menino, o meu primeiro. «As Gotas de um Beijo» leva outra bagagem, outra experiência e qualidade. Foi revisto, foi modificado, melhorado e, na minha opinião, é um melhor romance. Cada um à sua maneira tem o seu valor e não consigo escolher entre um e outro para meu preferido. Para os leitores, sem dúvida: «As Gotas de um Beijo».

6º  O que podem as leitoras encontrar nos seus Romances?

Disse leitoras, mas acho que são romances para leitores, não obstante a capa de «As Gotas de um Beijo» ser demasiado cor-de-rosa (já me avisaram). Amor, paixão, carinho e ódio, sentimentalismo e verdade é o que os leitores poderão encontrar. Verdade, sem dúvida. Não gosto de escrever romances cor-de-rosa. Gosto de escrever histórias reais, com personagens cheios de defeitos e algumas qualidades. Também adoro um toque de ousadia.

7º Há alguma obra a caminho? Pode falar-nos sobre ela?

Sim! Estou tão ansiosa de poder falar abertamente sobre ela! Tem como título provisório «O palácio dos meus sonhos» (poderá ser alterado) e fala de amor, de vários tipos de amor, e do facto de nem sempre amarmos uma única pessoa ao longo da nossa vida. Acima de tudo, tento passar, através deste livro, a mensagem de que, por vezes, o amor não basta, e que a idade e a experiência acabam por ditar-nos aquilo que será mais importante na nossa vida: a paixão ou a estabilidade. Clara e Santiago são os dois protagonistas da história e vivem um casamento feliz, planeando construir um palácio de sonho. Mas quando, numa concentração de motas, Clara reencontra o homem que quase destruiu a sua vida, o passado mistura-se com o presente e a sua felicidade ao lado de Santiago pode estar ameaçada.
É uma história de amor e de amizade, de sonhos e de perdas, que nos leva ao mundo do crime, das drogas e da discriminação racial. Um tributo à família, à paz e à estabilidade, um mundo de escolhas e de segundas oportunidades, uma ode aos que amam e sabem amar-se, e à felicidade nas pequenas coisas.
Segundo a editora, a obra estará na rua em finais de Novembro ou inícios de Dezembro e vai ser uma nova experiência para mim, numa nova casa e num novo formato, que me causa alguma ansiedade. Só posso desejar que os leitores que me acompanharam até aqui possam continuar a fazê-lo e que a obra seja tão lida ou mais ainda do que as outras têm sido. Eu diria que valerá a pena.

8º  Das suas obras, qual seria a primeira a recomendar?

Sem dúvida «As Gotas de um Beijo». Não que «O Intruso» me envergonhe, mas o meu segundo romance está melhor acabado, melhor pensado e acredito que a maioria dos leitores vá apreciá-lo, como tem apreciado até aqui. As críticas têm sido bastante boas, na sua maioria, e só me posso sentir feliz. É um livro para românticos, com personagens e problemas da vida real, e penso que o leitores se identificam com todo esse cenário.

9º O Que acha mais difícil, quando se é escritor em Portugal?

Primeiro: chegar aos leitores. As obras chegam a uma ninharia, não só porque Portugal é pequeno, mas principalmente porque o leitor português não valoriza o autor português. O leitor português quer o bestseller internacional, o autor internacional que escreveu o bestseller e torce o nariz a obras de autores portugueses. Acho que isso tem muito a ver com o espírito da maioria do português, que acha que só é bom o que é feito lá fora. As editoras apoiam essa corrente, porque publicam aquilo que vende e aquilo que vende é estrangeiro. Logo, os autores portugueses têm pouca oportunidade de publicação e quando têm, não vendem porque ninguém acredita neles. Quando se é um autor novo e desconhecido, a situação é ainda mais preocupante. Salva-nos apenas o facto de não escrevermos, nós, autores, para vender ou sequer ser publicados. Escrevemos por prazer e esse prazer mantém-se, mesmo quando as obras estão na gaveta. É claro que todos queremos, depois disso, levar a nossa obra ao mundo, e isso só se consegue com muito trabalho, persistência e paciência, mas sobretudo amor às letras.


10º O Que aconselha aos novos escritores, que mantêm o manuscrito na gaveta?


Escrevam por prazer. Quando o prazer passar a obrigação, não vale a pena continuar a escrever. É isso que faz da escrita um bom momento de lazer e não um trabalho. Sejam humildes o suficiente para aceitar os próprios erros e melhorá-los. Não sejam medianos, sejam os melhores, criativos, originais, únicos. Escrevam primeiro para vós, depois para os outros. Apaixonem-se pelos vossos personagens e pela vossa história. Sejam corajosos para enviar os vossos escritos a leitores-beta que os avaliem e ajudem a melhorar e nunca desistam de transmitir a vossa mensagem a quem um dia sentirá o cheiro do vosso livro e a textura das páginas folheadas. 

Obrigada Carina, pela atenção e simpatia :)

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