sexta-feira, outubro 24, 2014

Prazer Literário.... Só Para Alguns?

Boa Tarde Estrelinhas,

Hoje, enquanto "passeava" pelo Facebook, deparei-me com uma "discussão" interessante... Oh sim, eu achei ela muito interessante.

Passo a resumir:

Foi publicado recentemente num grupo, por um autor Português, o tema "Não querem Roubar os Autores, pois não?" E devo dizer que este assunto foi pano para mangas... No meio de tantos comentários houve destaque para (qualquer coisa dentro deste género), "Se o pobre não tem dinheiro para pão, não vai rouba-lo" Isto é, se os leitores não tem dinheiro para livros, não devem de os sacar ilegalmente. Por um lado, eu concordo, é ilegal, prejudica-se o autor/editoras, mas com isto as pessoas com necessidade prioritárias não podem ler? Seremos nós leitores culpados por as editoras venderem os livros tão caros? Quando ao fim de uns anos os livros passam a metade do preço ou mais?
Prosseguindo. Houve também quem referi-se... "que vá a biblioteca alugar" ora algo que me deixou arreganhar os dentes. Para quem sabe eu moro no campo... ir a biblioteca, não é o mesmo que ir aqui ao meu quintal. Para isso preciso de transporte...ou próprio ou publico, o que nem um..nem outro. Autocarros aqui só quando o Rei faz anos...e as vezes ele esquece-se. E outro ponto...as bibliotecas de Almada, Lisboa etc... estão, provavelmente, melhor fornecidas, do que a biblioteca da terrinha aqui ao lado. Ora bem...com poucas hipóteses o que me resta?
Mais a frente, alguém referiu como as editoras darem livros as bloggers... humm... sim há editoras que dão livros aos blogger, mas eu penso que este comentário foi algo do género... as editoras dão por volta de 10 livros por mês a mesma blogger... humm... não. As editoras, cedem um ou dois livros no máximo. Mas é mais do que óbvio que a editora não vai dar só os livros que nós ama-mos, e que seguimos de Autora X, os livros cedidos por estas, são para leitura e divulgação no blog. Ha quem ache que as editoras nem deveriam dar os ditos livros. Sério? E como é que vamos divulgar e comentar um livro se nós, blogger não os conhecermos? Como daremos uma opinião sobre o mesmo, se não o lemos?

Deixo-vos aqui o meu comentário.... (não irei fazer print dos restantes sobre esta discussão, pois para isso, teria de pedir autorização a todos...)



Vamos por partes:

  1. Eu como blogger, não recebo um cêntimo pelas divulgações, excepção de um livro ou dois... e nem sempre nem todos os meses, como muitos crêem.
  2. As divulgações são de obras de autores estrangeiros, não Portugueses, assim como as obras cedidas. Excepção de uma editora ou duas, que me ofereceram na altura que iniciei parceria, uma obra Portuguesa.
  3. Se, nós bloggers, que estamos desempregadas, mora-mos nos confins do mundo, não temos meios de comprar livros ou alugar livros. Como é suposto eu fazer?
  4. Mesmo quando divulgado um autor Português, a pedido deste, ou porque eu entrei em contacto, é feito de forma gratuita. Aqui não há notinhas a circular ou livros. 

Uma questão que achei interessante, foi esta. " O que ganha o autor quando vou a biblioteca alugar um livro (gratuito) e de sacar este?"

Sim, como referi, sacar livros é ilegal, mas.. quando eu voltei a ler de novo, eu sacava os livros em PT-BR, pois desconhecia alguns dos autores, e houve obras que eu AMEI e fui a correr comprar (época em que a minha galinha era gordinha), por tanto não vejo como isso prejudica. Alias, acredito seriamente que não sou a única que lê em Brasileiro ou Inglês e depois vai comprar os livros em Português. Eu tenho mais de 50 livros na minha Wishlist... porque? Porque os li numa versão brasileira, e que adorei e quero os meus livros em PORTUGUÊS. Mas isto..referindo-se a autores Internacionais.

Agora autores Portugueses? Eles poderiam fazer pequenos contos em ebook gratuito. Para os leitores o conhecerem e conhecerem a sua forma de escrever.  Para que quando tem uma nota guardada e for comprar aquele livro, saiba como o autor escreve, que sabe que vai comprar e vai gostar da maneira de fluir da historia, da escrita, do enredo. Não para que compre o livro a medo, ou que deixe esse livro na estante da livraria e leve um livro de um autor que ja conhece. Pois assim não vai correr o risco de não gostar.  Será que me faço entender?

Uma das coisas que me faz confusão é: As editoras dizem muitas vezes. Ah o livro X de autor internacional é caro,  porque ainda se tem de pagar aos tradutores e revisores e tudo mais... Ok e então os Portugueses é porque? Não precisam de tradutores, digo eu, do meu inocente ser. Não se ganharia mais se os livros fossem mais baratos? Eu por exemplo tenho 20€ com esses 20€ só posso comprar um livro.... mas..e se eu com esses 20€ poder comprar dois livros? mesmo que acrescente mais 2 ou 3 euros? E não ficamos só por aqui, os ebooks... porque é que eles são quase ao mesmo preço do livro? Não seria suposto ser mais barato? Poupa-se no papel, na tinta, os gastos normal de uma impressão...porque...é digital! Então porque é que há ebooks com diferença de 2 euros do preço do livro em formato papel?

Como é suposto, haver leitores em portugal, se as editoras/autores, não facilitam? 
Ou os pobres, como alguém disse naquele post do grupo, não tem direito a ler? É isso? O Prazer da leitura é só para os ricos? Porque se eu tiver de escolher entre um par de ténis para o meu filho, e um livro, eu escolho o par de Ténis. 
E no País em que vivemos, HÁ PESSOAS QUE TEM DE FAZER ESCOLHAS! HÁ pessoas que não tem bibliotecas a porta, e que podem também não tem amigos que emprestem livros, podem até nem ler.

Eu agradeço as minhas amigas, Vina e a Magda, por me emprestarem livros. Mas talvez nem todos tenham amigos que amem a leitura como nós.

É nós, POBRES (como foi-nos chamados naquela publicação do facebook) TEMOS DIREITO A LER SIM!

6 comentários:

  1. Sempre li imenso. Aliás, as prendas que me lembro de receber no Natal e nos meus aniversários eram muitas vezes livros, porque são aquela coisa que nunca é uma má prenda. Quando comecei a ter dinheiro de mesadas, queria muitas vezes comprar livros. Foi nessa altura que comecei a notar que os livros são muito, muito caros. Os meus pais felizmente, nunca me negaram um livro.
    Fui muitas vezes, sobretudo nas férias escolares, a bibliotecas (morava no Seixal na altura) e tinha muitas vezes possibilidade de ai ler livros. Mas mesmo na região da Grande Lisboa, as bibliotecas não têm os livros mais recentes.
    A minha surpresa em relação ao preço dos livros chegou em 2010 quando vim viver para Paris. Aqui, para além de os livros serem rapidamente traduzidos e haver formatos de bolso super em conta, o preço de um livro é tão, mas tão mais baixo!!! Há lojas mesmo a comercializar livros a menos de 1,00€ (não estou a gozar, não!). A minha biblioteca quadruplicou desde então e sempre que vou a Portugal quero, apetece-me, desejo comprar livros em Português, mas, fora autores portugueses, custa-me pôr dezenas de euros num livro quando sei que o posso encontrar em Paris por menos de metade do preço.
    O problema acredito que não passe só pelas editoras, mas pelos impostos. Portugal é um pais caro no que diz respeito a bens culturais (livros, dvds, cds, sofrem todos do mesmo...) porque há muitos impostos a cairem em cima. Infelizmente, quem paga somos nós. Pouco, muito, em dinheiro ou em críticas.
    Sou a favor do acesso à cultura. Seja pago ou não pago. A cultura depois trata de formar o caracter e a moral de cada um. Mas, para tal, é preciso tê-la.

    Um beijinho!

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    1. Sério? E no entanto editoras e autores devem de ganhar com isso, assim como o país. Também é verdade, o imposto não facilita, aliás, em Portugal não há nada facilitado. E é uma tristeza que assim seja. E não tiro a razão aos autores, mas um leitor tem de ler de que maneira for e lhe for acessível. Porque se eu chegar ao pé de um autor e disser, tenho apenas 5 euros, mas adorava ler a sua obra, ele não me a vai vender por 5 euros. Será que me faço entender? E claro que eu preferia pagar 5 ou 10 euros por um livro (já não falo de Portugueses, porque nunca li um livro Português de autor Português, pirateado) a ter que procurar um sites de pirataria, um ebook de uma tradução manhosa, para saber se realmente gosto daquele livro, daquela história, e se vale a pena juntar uns euros para comprar o livro em si e ter ele na minha estante, ou o ebook de tradução portuguesa. que agora e serve para chamada de atenção. As traduções Portuguesas, são tudo menos Portuguesas.

      O que para o preço de um livro, a tradução duvidosa deixa muito a desejar.
      Então será mesmo só a culpa dos leitores?

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    2. Em Paris há um sistema de livros, cds e dvds muito interessante. Há uma livraria, uma das maiores da cidade, a Gibert Joseph, que para além de vender tudo o que é publicado recentemente, tem uma política de compra de livros usados. Muitas pessoas compram um livro novo, acabado de sair, digamos a 8/10€. Uma semana depois, já o acabaram de ler, e podem lá ir entregá-lo e a loja dá-lhes 4/5€ por esse mesmo livro e vendem-no por 6€ (os valores são meramente explicativos, claros). O livro dito "usado" é colocado ao lado dos livros novos, dando ao cliente a possibilidade de escolher. Esta política não é só para livros antigos, mas também para livros acabadinhos de sair.
      O máximo que paguei por um livro em Paris foi o Morte Súbita da JK Rowling que me custou 18€. De resto, salvo livros da faculdade, nunca paguei muito por um livro e ando sempre a par das novidades literárias. Quanto às traduções, são óptimas e mesmo às vezes, quando leio livros em Inglês ou mesmo em Português e pego na versão francesa, não sinto que fique a perder em termos de qualidade.

      Para além que o mercado literário e editorial francês não anda pelas ruas das amarguras, não vês livrarias a fechar ou autores a queixar-se. Acho que pode estar ligado aos hábitos culturais, os franceses lêem bastante mesmo, enquanto que o tuga, apesar de achar que cada vez mais se anda a ler em Portugal, não lê assim tanto.

      A solução para ler em Portugal acaba sempre por comprar na internet e dar dinheiro a editoras estrangeiras. As editoras portuguesas que não se sentem e pensem nisso, que não é preciso...enfim.

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    3. Passei de raspão nesta questão, na entrevista que me fizeste. Ai o preço dos livros. No meu entender, muito excepcionalmente um ebook de ficção, publicado na língua original (não vou entrar no campo dos livros traduzidos), justificará preço acima dos 5 euros. E já é puxado, pelo menos para o rendimento médio dos portugueses (que vivem no mundo real, onde se conta os cêntimos) . E digo isto, como autor, ciente de todo o trabalho envolvido na escrita e publicação de um ebook. Já nem vou falar de ebooks (apenas de texto) com preços quase paralelos aos livros físicos. São o ridículo e o absurdo embrulhados na mesma embalagem.

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  2. Concordo com tudo o que disseste e saliento ainda o que escreveste sobre os ebooks, é um escândalo que sejam apenas, em média, 2€ mais baratos do que o livro fisico quando não se paga impressão nem logistica para distribui-los pelos vários pontos de venda. Se os ebooks fosse metade do valor e, passado 6 meses, descessem ainda mais, haveria muito mais gente a comprar ebooks em vez de tentar encontrá-los e sacá-los da net, especialmente em Portugal uma vez que quase tudo o que se encontra é português do Brasil.

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    1. É verdade Ana, é coisa que não consigo entender. Por mais voltas e desculpas que uma editora dê. Simplesmente fica difícil para o leitor perceber. Mas eu penso que, e como em brincadeira mencionei acho que as editoras jogam pelo..."Se houver mais vendas em ebooks, não perderemos a totalidade do livro. Assim não saímos a perder" julgo que seja mais por ai. Mas não me acredito muito nisso, afinal de contas são poucas as pessoas que gostam de ler em formato digital. Preferindo assim ter o livro nas mãos, de o sentir e cheirar. Mas para pessoas, que não tem tantas possibilidades, provavelmente seria muito mais fácil comprar um ebook a metade do preço do livro (papel). E não haveria desculpas para este assunto da pirataria. Ah e que as traduções fossem PORTUGUESAS, não meio abrasileiradas, as vezes nem isso. Ja que falam tanto das tradutoras e REVISORAS como é que estas não vem as gafes.

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