Boa Tarde Estrelinhas!!!
Entrevista Fresquinha com a nossa autora,
Ana C. Nunes.
1º Ana, pode falar um pouco de si,
o que faz, o que gosta e detesta.
Olá! Antes de mais obrigada por me
receber aqui no blog. É sempre excelente ver como bloggers dedicados se
esforçam por divulgar o que é nacional. Muitos parabéns!
Ora, eu sou uma rapariga do Norte,
mais concretamente da cidade do Galo. Já tenho idade para ter juízo (mas falta
saber se o tenho, efectivamente) e trabalho no atendimento comercial de uma
empresa. Gostava de viver da escrita e da ilustração mas para já isso ainda não
é possível.
Eu adoro, como é fácil de perceber, escrever ficção. Desenhar é a minha segunda
paixão artística e gosto de conciliar ambas, especialmente na BD, mas também
noutros formatos (contos ilustrados, por exemplo). Também amo os animais, a
natureza, e a família (a minha acima de todas, claro está).
Detesto detestar coisas, pois queria ser imune a isso, mas não o sou, por isso
detesto pessoas hipócritas e falsas, detesto ver lixo nas ruas e não gosto
particularmente de centopeias. Ehehe!
2º Uma vez que vamos falar de
livros, de que género literário gosta?
O fantástico, em todas as suas
vertentes (ficção científica e terror incluídos). E de entre esses a ficção
científica e o realismo mágico, assim como a mitologia, são os meus favoritos.
Adoro descobrir e redescobrir o que os povos de outros tempos acreditavam, e
imaginar quais poderiam ter sido as bases da criação dessas crenças que, na
verdade, não são mais fantásticas ou imaginárias que a nossa crença no Deus
uno, se formos analisar bem as situações.
A ficção científica fascina-me pelo seu potencial de realismo e porque mesmo os
clássicos, datados que já estão, não deixam de ser fascinantes de analisar.
Já o realismo mágico me agarra pelo facto de eu querer acreditar que ainda
existe um pouco de magia à nossa volta.
No entanto tento não me cingir
apenas ao meu género de eleição pois já aprendi a admirar e apreciar todos os
géneros literários, embora ainda tenha que explorar mais a fundo a poesia, o
texto dramático e a não ficção, que são géneros pelos quais me aventuro pouco.
3º Algum autor preferido? Porquê?
Não tenho propriamente um autor que
possa referir como favorito de todos os tempos, mas alguns nomes vêm-me logo à
cabeça: Edgar Allan Poe, Markus Zusak, Robin McKinley, J.K. Rowling, Italo
Calvino, Minetaro Mochizuke. E é impossível esquecer os portugueses: João
Barreiros, Luís Filipe Silva, Marcelina Gama Leandro, Manuel Alves, Inês
Montenegro e Vitor Frazão.
Todos escreveram dois ou mais trabalhos que adorei, nunca decepcionaram e
sempre me fascinaram com as suas histórias. Há escritores que nos apanham só
com um livro (Robin McKinley) e outros que demoram mais um pouco, mas no fim
são estes os nomes que estão em primeiro plano e são os autores cujos trabalhos
sigo com mais afinco, mesmo quando o tempo é curto.
4º O que o motivou a escrever?
Sempre adorei a língua portuguesa e
a sua complexidade mas só no secundário senti o apelo da escrita criativa.
Tinha muitas ideias e como havia uma colega que escrevia e desenhava, decidi
imitá-la e passar a expressar-me em traços de lápis e rabiscos de
esferográfica. Desde então não parei. Fiz uma pausa na escrita narrativa, há
uns anos atrás, mas mesmo nesse tempo a escrita fez parte da minha vida através
da Banda Desenhada, dos guiões.
Escrever para mim é uma terapia e por isso o último ano tem sido um pouco
difícil, já que não tenho encontrado o equilíbrio que me permita escrever como
noutros tempos. Não é por falta de ideias, mas sim de harmonia.
E, mesmo assim, nunca me distancio da escrita. Estou sempre a trabalhar em
algo, por mais pequeno que seja. E o que mais me motiva é o mundo que me rodeia
(especialmente a natureza e as pessoas) e o saber que se não escrever as
histórias me vão ficar entaladas na garganta.
5º Das várias obras que já tem ao acesso dos
leitores, qual é, para si, o seu menino? E porquê?
O meu menino será sempre o “Angel Gabriel –
Pacto de Sangue”, não só por ter sido o primeiro romance que disponibilizei ao
público em geral, mas especialmente porque foi aquele a que dediquei mais tempo
até agora. E porque, apesar das suas falhas, o considero um texto que vale a
pena ser lido. Os leitores, no entanto, parecem achar que o meu menino é o “A
Última Ceia”, já que foi sem dúvida o que recebeu mais feedback até hoje e também foi o primeiro que publiquei em ebook.
6º As suas obras estão dentro de vários géneros
literários, dando ao leitor uma variedade de escolha. Para si, há algum tema
que seja mais difícil ou fácil de escrever?
Se me pedissem para escrever poesia eu ia trepar
paredes! Não tenho jeito! Mas fora isso acho que me dou bem com quase todos os
meios de escrita, até guião. Uns melhor que outros, claro. Estou mais versada
na ficção, especialmente na fantasia e no terror/suspense mas não planeio nunca
limitar-me a um só género, a um só estilo. Não tenho nada contra quem o faz mas,
para mim seria sufocante. A história pede e exige, eu apenas a transcrevo.
7º A Heroína e o Vilão, foi o seu
trabalho mais recente. Pode falar-nos sobre ele?
Esta história é a segunda aventura
da “Heroína”, uma personagem que criei há uns anos, e o seu propósito é ser uma
espécie de sátira às típicas fantasias (não só da ficção). As histórias são
basicamente independentes mas estão interligadas por um fio comum que se vai
desvendando a cada nova aventura. Com este trabalho eu quis testar a minha
escrita de comédia e abusar dos clichés, fazer troça dos lugares comuns mas sem
nunca lhes faltar ao respeito.
Neste “A Heroína e o Vilão” a protagonista acorda para uma terra a tremer e
enfrenta o seu inimigo mais patético. Pantufas em forma de leão, berlindes
mágicos e varinhas de condão são apenas três das coisas que só farão sentido
quando lerem a aventura. J
8º Das suas obras, qual seria a
primeira a recomendar?
Talvez o “Electro-dependência”, o
conto que foi publicado na antologia “Lisboa no Ano 2000” (Saída de
Emergência), já que tem reunido críticas muito positivas e basicamente toda a
gente gostou/adorou a história.
9º O Que acha mais difícil, quando
se é escritor em Portugal?
Chegar ao público! Isto porque o
público em si já é muito limitado. Afinal a grande maioria dos portugueses não
lê livros assiduamente e quando lêem a maioria vai para os bestsellers, os romances
dos jet7 e outros semelhantes. É muito difícil para o pequeninho ser notado,
especialmente quando as editoras nos fecham as portas. E eu até entendo que a
crise os impossibilite de apostar mais nos escritores novos mas acho que, mais
que isso, a cortesia é algo que está muito em falta no mercado editorial
português. Isto porque se um autor submete um manuscrito a uma editora, quer o
seu trabalho seja bom ou mau, o mínimo que podem fazer é responder-lhe. Dar-lhe
um feedback, nem que seja um simples
«Não estamos interessados.», que é coisa que a maioria das editoras não se dá
ao trabalho de fazer.
Mas já divaguei. Desculpem.
Enfim, eu acho que há muito pouca aposta na divulgação do trabalho de novos
autores e, mais que isso, acho que há muito pouco incentivo à leitura em
Portugal, especialmente com os preços que se praticam. E depois chegamos ao
ciclo vicioso: as pessoas não lêem porque os livros são muito caros, e os
livros são muito caros porque ninguém os compra. E dá a volta e calha no mesmo
sítio. Enfim, é triste …
10º O que aconselha aos novos
escritores, que mantêm o manuscrito na gaveta?
Escrevam, escrevam e continuem a
escrever. Experimentem novos desafios, novos géneros, novos formatos (se
costumam escrever romances, façam um conto, ou vice-versa).
E claro, leiam muito. Leiam no género que querem escrever e fora dele. Não se
limitem só a um estilo pois a diversidade é um bom estímulo.
Aconselho também a que peguem nesses manuscritos que têm nas gavetas, percam o
medo, e os entreguem a duas ou três pessoas (a família não conta, nem os
melhores amigos). Pessoas imparciais, pessoas que não vos vão passar a mão na
cabeça e dizer só: “Ai que giro!”. Não! Vocês precisam de quem vos diga: «Olha,
isto está mal. E isto também, e adorei esta parte porque isto, isto, e aquilo.».
Poderão nem concordar com tudo o que eles dizem, e isso é legítimo. Afinal não
podem agradar a gregos e a troianos, mas vejamos que se entregam a três pessoas
e duas delas concordam num ponto, provavelmente é porque devem prestar atenção
a isso.
Não tenham medo! O escritor tanto pode ser o maior crítico como o mais cego dos
leitores quando está a ler o seu próprio trabalho. Tudo depende de para que
lado da cama acorda. Daí que não seja viável fiar-mo-nos apenas na nossa
opinião. Não tenham medo de dar a ler. O pior que pode acontecer é esses textos
voltarem à gaveta, com mais riscos e anotações nas margens.
Muito Obrigada Ana, pela atenção e carinho. É um prazer ter-la neste cantinho.
E para os meus queridos seguidores, eu e a autora, Ana C. Nunes, estamos a preparar uma coisita muitoooo boa.
Acredito que vocês irão adorar.
Boas Leituras