quinta-feira, dezembro 20, 2012

Opinião - O fim da Inocência, Francisco Salgueiro

Sinopse:
 
Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
 
 
Opinião:
 
Como já tenho vindo a referir, na medida que vou deixando um ou outro comentário, sobre um ou outro livro que vou lendo, este 'O fim da inocência' de Francisco Salgueiro, é um dos poucos livros que adquiri este ano de autores portugueses, e a nível do trabalho do autor, foi uma estreia.
Devo dizer que para minha felicidade é mais uma estreia e mais uma delícia.
 
'O fim da inocência' é um livro aberto do princípio ao fim, sem tabus nem falsas modéstias. Tudo o que o autor nos apresenta é preto no branco, toma lá dá cá e ponto final.
Inês (nome fictício) conta a sua história, de menina bonita bem abastada, frequentadora de um bom colégio, pertencente à classe mais alta da sociedade e coleccionadora de todos os esqueletos que possam imaginar que se possa guardar num armário.
 
Sexo. Drogas. Álcool. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Orgias. Pedofilia. Perigos da Internet. Solidão.... São apenas alguns tópicos abordados neste conjunto de folhas.
 
Inês e o seu círculo de amigos, demonstra o que é ser-se miúdo nos dias de hoje. Revela as pressões que a infância e a juventude do século XXI e das décadas mais recentes são levadas a enfrentar dia após dia, independentemente do sobrenome que têm no BI. (cartão único, para quem preferir), da quantidade de cartões de crédito que os pais passeiam nas carteiras, ou da aparência bonita que posam sempre que se sentam à grande mesa da sala de jantar da enorme vivenda que têm num condomineo privado.
Drogados, não são só os pobres. Infelizmente este flagelo com proporções ainda sem qualquer controlo, atinge qualquer família, em qualquer ponto do mundo. E se pensam "que só acontece aos outros" desenganem-se, desçam à terra e vejam a vida com olhos de ver.
 
Felizmente, e agora troco com vocês uma visão minha, de muito perto deste problema, também eu quando andava na escola tinha amigos economicamente muito mais avantajados ( e quando digo muito é mesmo muito) que faziam e viviam de uma forma semelhante com aquilo que a Inês relata neste livro. E como eu, tenho certeza de que muitos de vocês também.
Tantas vezes ouvi "o meu/minha filho/a nunca", "nem pensar, isso na minha família seria impossível de acontecer", e quem estava de fora via que não era bem assim.
Custa ver certas realidades, mas ignora-las e fazer de conta que a vida contínua pintada de rosa, não é o melhor caminho. Os problemas existem e devem ser encarados. Milhares de adolescentes, por terem tudo o que o mundo pode oferecer acabam por confundir tudo e estragar aquilo que podia ter sido um futuro brilhante e feliz.
 
Não sou mãe (ainda) mas sou filha e irmã, e tal como as 'Inês' de todo o mundo, já passei pela fase dos "porquês da adolescência" daquela fase onde a vozinha dentro da nossa cabeça nos diz que os entendidos na matéria somos nós e não os mais velhos que nos rodeiam, que por serem mais velhos são "cotas" e são uma "seca", e sei, até porque não passou assim tanto tempo, que a idade em que damos um salto, não só a nível físico como psicológico, é uma idade perigosa que pode ditar para sempre o que e como seremos no futuro...
 
Em suma, gostei imenso deste livro.
 
Boas leituras, Soraia


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