Diana tinha passado pelo hotel perto das quatro da manha. Vinha enfiada dentro de uma saia de cabedal preta e uma jaqueta do mesmo material. O cabelo ondulava-lhe nas costas e era impossível não a ver. Penso que um dos motivos por ela ter escolhido trabalhar com mortos em vez de vivos, era também devido à forte tensão sexual que emanava dela. Era-lhe tão natural que no início foi-me difícil, ainda que me considere heterossexual assumidíssima, ficar imune ao seu charme intrínseco. A minha sorte, foi que às quatro horas da madrugada, muito dificilmente aparece alguém pela recepção e assim a minha querida amiga não causaria um chelique sexual a ninguém e não me meteria em despesas.
Conversamos durante horas sobre Gil. As gargalhadas contagiantes dela vibravam nas paredes da recepção, obrigando-me a encolher de cada vez que o seu riso se fazia ouvir. Soube-me bem conversar com ela e desabafar sobre tudo o que tinha acontecido nos últimos dias.
Diana defendia que o que era passado ficava no passado e achava muito bem que eu seguisse com o Dr. Gil., porque só com um novo amor, poderia esquecer um mau. Não que considerasse aquilo que senti por Santiago um amor de perdição, mas bolas, sai magoada do que tinha acontecido entre mim e ele e não fora só o coração partido. Também tinha levado com uma factura no pulso mas… na verdade, há males que trazem um bem. E o meu pulso partido trouxe-me um pediatra.
E por falar em pediatra, ainda Diana não se tinha ido embora, quando o meu telemóvel começou a vibrar em cima do balcão da recepção. Como que antevendo o que me esperava, o meu coração saltou-me no peito, fazendo-me ceder os joelhos e pôr-me as mãos a tremer. A mensagem era do Gil, que, tal como eu, estava no turno da noite e decidiu convidar-me para tomar o pequeno-almoço quando ambos saíssemos do trabalho. A resposta à pergunta dele foi óbvia: na minha casa, ou na tua? E confesso que não estava à espera que ele se oferecesse para que fosse na dele.
Desde a recepção da mensagem, até à hora de sair do hotel para tomar o tão aguardado pequeno-almoço devo dizer-vos que me pareceu que o tempo congelou. Dizer que os minutos passavam a passo de caracol era ser simpática. Senti-me adolescente outra vez.
…
Gil, um verdadeiro cavalheiro, seguiu no seu carro atrás do meu, porque fez questão que deixasse o meu carro em casa. Depois de entrar no dele, seguimos em direcção ao seu apartamento, numa zona habitacional muito simpática perto da universidade. Uma zona familiar.
Família. Filhos. Marido. Mulher…. Descendência…
Pronto, era oficial, o tema estava a tornar-se obsessivo. Qualquer coisa que envolvesse a palavra família, levava-me a pensar logo em matrimónio e maternidade. Bolas, tinha mesmo mexido comigo!
A casa dele era minimalista e muito masculina. Sem grandes adereços, mobiliário simples e moderno, mas com um espaço muito acolhedor e melhor, muito melhor que a mobília de design moderno, era o facto de ter a casa arrumada. Um brinco.
Okay, eu acuso-me, a minha muito raramente se encontra naquele grau imaculado de limpeza e arrumação. Principalmente o quarto.
Gil riu-se, como que adivinhando os meus pensamentos.
- Achavas o quê, que te tinha convidado porque queria que me arrumasses a roupa suja e me aspirasses a casa?
- Sim. Quero dizer, não, claro que não. – mais uma vez fiquei vermelha como um maldito tomate – Vamos ser realistas, normalmente os homens que vivem sozinhos não têm a casa arrumada, é mais forte que vocês.
- Hum, uma generalista! – disse ele, enquanto me piscava o olho e pendurava o casaco dele e o meu no bengaleiro – Gosto de provar os meus pontos de vista, em especial, mostrar que estás errada em relação a todos os homens serem iguais. Mas, por ora vamos comer, estou esfomeado!
Eu soltei uma leve gargalhada, dizendo-lhe com risos que estava ansiosa que me mostrasse o ponto de vista dela.
Se a minha querida amiga Diana me ouvisse a ter este tipo de pensamentos diria que estou curada e que agora sim ia conseguir tirar o máximo partido do sexo oposto, porque segundo ela, era exactamente para isso que eles serviam, para nos dar tudo o que precisássemos.
O magnifico Dr. Gil, não só tinha a casa impecavelmente arrumada, como também cozinhava divinamente.
- És uma caixinha de surpresas, não és? – disse eu, enquanto me deixava servir de uma caneca de café acabado de fazer, com um pingo de leite. E me deliciava com os crepes que ele preparava na hora e colocava na mesa.
- Podemos dizer que tenho de tudo no meu baú. Se quiseres, mais tarde, posso mostrar-te o que mais podes encontrar.
Gil pegou na minha mão, que segurava o meu garfo, e levou o meu pedaço de crepe com chocolate à sua boca, sem nunca parar de me olhar. Olhos nos olhos. Alma na alma.
Oh. Meu. Deus.
- Claro… porque não… - acabei eu por dizer, ao mesmo tempo que os lábios dele, deslizavam pelo meu garfo.
O resto do pequeno-almoço correu às mil maravilhas, sem grandes afluências de calor nem temas com duplo sentido.
Quando terminamos, ajudei o Gil a levantar a mesa do pequeno-almoço e antes mesmo de conseguiu pousar os pratos no lava-loiça, já as mãos dele tinham saltado para as minhas ancas, maneando-as, puxando-me contra ele. Os talheres, que aterraram rápido demais no lava-loiça, sobressaltou-me um pouco o que apenas fez com que eu e ele ficássemos ainda mais juntos.
Ele afastou o meu cabelo da nuca e beijou-me demoradamente, provocando-me arrepios em toda a superfície do meu corpo coberta de pele e pêlos. Depois, beijou-me a orelha e mordeu-ma. Por fim, voltou-me nos seus braços e beijou-me como poucas vezes fui beijada.
Gil era magnífico com as suas mãos. Mãos másculas e experientes que em menos de nada, me tiraram as calças e a camisa branca da farda do hotel e me deixaram apenas de roupa interior, deitada na sua cama.
Beijou-me os pés, as canelas e os joelhos. Segurou-me as coxas, beijou-me as ancas e tirou-me as cuecas. Quando dei por mim, gemia e gritava de prazer às mãos dele. Um calor delicioso banhava-me, envolvia-me e possuía-me sem qualquer tipo de complexo, e quando ele me agarrou forte nas coxas e gemeu o meu nome, soube que ele tinha acabado de atingir o meu paraíso carnal, e o orgasmo de ambos levou-nos a deixar-nos ficar lado a lado na cama, respirando apressadamente, deixando que o sono reclamasse o que era seu por direito.
Quando dei por mim, estava oficialmente em terra de vale dos lençóis.
Mais um capítulo bem "hot" :p
ResponderEliminarTem um selinho para vocês lá no meu sinfonia :)