domingo, dezembro 25, 2011

Entrevista com Sophia CarPerSanti



Ola a todos meus queridos, como prometido é devido aqui está a nossa pequena entrevista com a nossa querida Sophia.

1º Fala-nos um pouco de ti.

Bem, tal como diz a minha biografia, nasci no dia 22 de Novembro de 1979, pelo que fiz recentemente 32 anos de idade. Sou licenciada em Educação Física e Desporto (curso pré-Bolonha) e, de momento, sou finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica.
Quanto à escrita, comecei a escrever poesia aos 11/12 anos de idade. Nessa altura escrevia poemas para a família, alusivos aos dias de festa, e acerca do mundo que me rodeava. Por volta dos 14 os temas começaram a mudar um pouco, e passei a escrever sobre sentimentos e emoções. Como durante a minha infância/juventude os meus melhores amigos eram os livros, um dia passou-me pela cabeça a ideia de que, já que gostava tanto de ler e escrever, talvez fosse capaz de escrever um livro também.
O primeiro projecto de manuscrito que desenvolvi nunca chegou a ser concluído (diga-se de passagem que para o bem de todos nós ^_^), e era sobre príncipes e princesas, e reinos encantados por magia.
Quando entrei para o 10º ano, conheci a minha Alma Gémea, nestas andanças da escrita, e juntas começámos a escrever o que, até hoje, é o manuscrito mais extenso que conheço. :) Trata-se de uma história extremamente complexa, escrita na primeira pessoa, com múltiplos narradores e linhas temporais. Durante os 3 anos do Complementar, trocámos cadernos A5 onde escrevíamos alternadamente, pelo que a história nunca teve fim.
Quando entrei para a Faculdade, iniciei o meu primeiro projecto com princípio, meio e fim, intitulado ‘A Gema de Ominium’. Trata-se de uma história do estilo fantasia épica, e divide-se em 5 volumes. Embora tenha enviado o primeiro volume para várias editoras, este nunca foi aceite, pelo que me deparei, pela primeira vez, com a batalha que é preciso travar para conseguirmos editar um livro, em Portugal.
A ‘Noite da Alma’ foi escrita em 2008, e marca uma mudança radical no meu estilo de escrita. Inserindo-se na colecção ‘Gaea’, passa-se no nosso mundo, no século XXI. Dentro desta colecção, depois da ‘Noite da Alma’ já escrevi mais dois: ‘Tempo da Alma’ e ‘Luz da Sombra’. De momento encontro-me a escrever o quarto livro desta colectânea denominado ‘Sombra Branca’.
A nível mais pessoal, nos meus tempos livres (que neste momento são extremamente escassos), gosto de ler, escrever, pintar (principalmente a óleo), e ir ao cinema. Também sou uma grande fã de Anime (animação japonesa) e de praticamente tudo o que se relacione com o Japão. Adoro fantasia, ficção científica, coisas estranhas e sobrenaturais :). A nível desportivo, gosto de voleibol (modalidade que pratiquei durante cerca de 5 anos) e adoro dançar. Se os livros e a escrita são as minhas asas, a música é a minha alma. Não tenho, nem nunca tive grupos musicais favoritos. Tenho músicas de que gosto e outras de que não gosto, independente de géneros ou cantores. Por isso varro tudo, desde o clássico, à ópera, fado, pop, rock, jrock, jpop, metal, etc. A minha playlist depende muito do meu humor, no momento. E como este é extremamente flutuante… ^_^

2º Qual o teu autor/a favorito?

Tenho muitos, como é lógico… Quem lê compulsivamente tem sempre uma série de autores que venera :)
Mas, tendo que escolher, só poderia nomear J. R. R. Tolkien, de quem li, pela primeira vez, o ‘Senhor dos Aneis’, quando tinha 13 anos e, depois disso, li, e reli, e voltei a ler, ao ponto de até chegar a escrever um dicionário de Quenya e Sinadrim (as línguas élficas desenvolvidas por Tolkien) :)

3º Livros que mais gostas? E o que mais te marcou?

Livros que mais gosto (são mais que muitos ^_^): Ilusões e Fernão Capelo Gaivota (Richard Bach), ‘O Silmarilion’, ‘O Senhor dos Anéis’, ‘O Hobit’ (Tolkien), ‘As Brumas de Avalon’, ‘Casa da Floresta’ e ‘O Poder Supremo’ (Marion Zimmer), ‘Belgariad’ e ‘Malloreon’ (David Eddings) ‘Os Cavaleiros de Pern’ (Anne McCaffrey), A História Interminável (Michael Ende), ‘O Principezinho’ (Antoine de Saint-Exupéry), ‘Dragon Lance’ (Tracy Hickman e Margaret Weis)‘A Hora das Bruxas’, ‘Taltos’ e ‘Memnoch’(Anne Rice), Acheron (e os outros 34 livros que li desta senhora - Sherrilyn Kenyon), Colecção Irmandade da Adaga Negra (J. R. Ward), ‘A Game Of Thrones’ (George R. R. Martin) e muitos, muitos outros :)
O que mais me marcou: Teria de escolher 2 – ‘O Senhor dos Anéis’ e ‘A História Interminável’. Talvez porque os tenha lido num momento difícil da minha vida. Sei que, durante anos, era nestes dois mundos que a minha cabeça passava a maior parte do tempo.

4º Tens algum livro que recomendarias?

Hum… depende de para quem estaria a recomendar :)
Mas, de entre os livros que mais gosto, aqueles que recomendo como sendo ‘para todos’ são ‘O Principezinho’, pela fantástica capacidade de nos obrigar a olhar o mundo com outros olhos, ‘A História Interminável’ que nos mostra que os heróis também podem ter dúvidas e medos como qualquer um de nós, e ‘Ilusões’, pela fantástica lição de vida e por nos mostrar que o verdadeiro Deus está dentro de nós mesmos, e que cabe apenas a nós sermos o melhor que conseguirmos ser.

5º Como surgiu a ideia para este livro?

Este livro teve origem em três desafios que me auto-coloquei:

1) Escrever um livro que se passasse no século XXI, no nosso mundo e na actualidade. Na verdade, nunca tinha escrito nada do género. Todos os meus manuscritos passavam-se em mundos imaginários, em eras semelhantes à nossa idade média, onde as pessoas têm de se deslocar a cavalo e de ir à caça se querem almoçar. Confesso que este foi um desafio difícil de superar, porque na verdade não gostava nada dos cenários que via na minha cabeça, enquanto estava a escrever a ‘Noite da Alma’. Estava habituada a ter os meus personagens rodeados de florestas mágicas e torres de magia brilhantes, e diga-se de passagem que prédios de cimento e estradas de asfalto deixam muito a desejar em termos de beleza. No entanto, à medida que fui escrevendo, comecei a sentir-me cada vez mais em casa, além de que comecei a aperceber-me das diversas facilidades de viver no séc. XXI: Não tinha de me preocupar em caçar para o almoço, nem de enviar mensageiros que levavam dias a chegar ao seu destino, ou mesmo de procurar rios para lavar as roupas e tomar banho. Nada vence os nossos telemóveis, microondas e banheiras com água quente canalizada. :)

2) O segundo desafio que me coloquei teve a ver com o número de páginas. Isto porque os meus outros manuscritos tinham para cima de 1000 páginas, em formato A4, o que, obviamente, não é operacional em termos de edição. Escrevo demais :) E por isso, embora este seja um livro relativamente extenso, sinto-me bastante satisfeita com as suas 760 páginas, que A4 eram apenas 540. Considero estes números uma verdadeira vitória ^_^;

3) O terceiro desafio relaciona-se com o tipo de narração. É claro que já tinha escrito na primeira pessoa, mas fazia-o sempre perante os meus próprios pensamentos, e a personagem que eu encarnava era, no fundo, sempre eu mesma. Neste livro, a Mariane que escreve está longe de ser como eu. As suas reacções, vontades, pensamentos, pertencem-lhe só a ela e por isso foi muito interessante e desafiador deslocar o meu pensamento, como se fosse uma actriz de cinema e incarnar outra pessoa, outra vida, outra realidade.
A partir daqui, a ‘Noite da Alma’ cresceu sozinha, como aliás acontece com todos os livros que escrevo. No princípio tinha pensado em limitá-lo apenas à história de Mariane e Gabriel, como estratégia para controlar o número de páginas, mas depois surgiu Lea, e mais tarde Alexander e Jonathan, e as coisas foram-se desenvolvendo e progredindo, na maior parte das vezes, de forma surpreendente até para mim mesma (uma das razões que me faz adorar escrever).

6- Em que te inspiras-te?

Em nada de específico. O livro é o produto de uma série de ideias e gostos pessoais. Mistura Magia, tema sobre o qual li bastante, há uns anos atrás, Simbologia, que até hoje me fascina, e línguas arcaicas, pelas quais me interesso bastante e as quais se encontram na base de muitos dos nomes de raças que aparecem no meu livro. Depois espelha muitas ideias que considero controversas e com as quais me divirto bastante. :) O livro assenta ainda numa crença-base, actualmente aceite por muita gente, que envolve a reencarnação das Almas com vista à evolução do Ser Humano.

7º Os livros de Fantasia estão na moda. O que este trás de novo?

Hum… não sei ao certo. Inventar coisas novas é, na verdade, muito difícil. Às vezes até pensamos que conseguimos ter uma ideia original mas, basta perdermos um pouco de tempo na internet, para logo a seguir percebermos que afinal não fomos os primeiros a pensar nessa coisa.
Posso, no entanto, dizer que, para além da fantasia, da magia e do romance, se trata de um livro onde os valores do que consideramos bem e mal se diluem, onde os estereótipos do que é ‘amar’ e de quem ‘devemos amar’ são desfeitos, e que nos mostra como, por vezes, uma simples e inocente escolha pode mudar o rumo, não só da nossa vida, mas também daqueles que nos rodeiam.
A nível de originalidade, penso que o que é mais original é a estrutura do mundo em si. Neste livro, e em todos os que pertencem a esta colectânea, o Planeta Terra – Gaea – é tido como um ser vivo, com diversos ‘órgãos’ que têm diferentes funções, como acontece com qualquer um de nós. Estes ‘órgãos’ constituem dimensões, que, por sua vez, são habitadas por diferentes seres com diferentes papeis a desempenhar na manutenção do planeta. A excepção á regra são os Seres Humanos, para quem Gaea é apenas uma escola evolutiva. Assim, as Almas humanas encarnam vezes consecutivas, até atingirem um estado de evolução superior, o qual lhes permite partirem para outros pontos evolutivos. Por esse motivo, são os únicos que possuem livre arbítrio. Todos os outros, os verdadeiros Filhos de Gaea, têm de obedecer à Lei Suprema, a Lex Regis. É sobre esta base que tudo o resto se desenrola, abrindo caminho para uma visão do mundo que, para muitos, não está assim tão longe da verdade.

8º Este Livro é o primeiro de alguma trilogia ou saga?

Bem, este livro foi escrito para ter um fim em si mesmo. No entanto, a estrutura do mundo onde a história se desenrola foi criada para suportar outros livros, sobre outras personagens. Por isso não, não se trata de uma saga nem de uma triologia. Contudo, e porque a minha primeira leitora quase me matou quando acabou de o ler, existe um segundo volume que dá continuação a este. O terceiro livro, escrito nesta colecção (Gaea) já não tem nada a ver com a Mari e o Gabriel. E o mesmo acontece com o quarto, que me encontro, de momento, a desenvolver.

9º O mais importante de tudo, onde o podemos encontrar a venda?

Pois… a pergunta dos 100.000 euros ^_^
Neste momento, o livro só se encontra à venda no site da Chiado Editora e no site oficial (http://carpersanti.net/Gaea), ou seja, online. Em breve estará disponível nas Bertrands, Bulhosas, Fnacs e outras livrarias, em Portugal. Contudo, existe um certo timing para estas coisas da distribuição, e ninguém me sabe dizer ao certo a partir de quando ele estará à venda nas livrarias.

10º Conselhos para novos escritores?

Uff!! Só esta pergunta já dava para outro livro. :)

1. Antes de tudo: Nunca, nunca desistir! Editar um livro é uma batalha que tanto pode ser vencida à primeira, como levar anos até que uma porta se abra.

2. Acreditar em si mesmo! É claro que saber aceitar críticas é muito importante, mas saber quem somos e que escrita queremos produzir é ainda mais importante. Como todos sabemos, é impossível agradar a toda a gente. Como se isso não bastasse, todos nós temos as nossas visões e vemos o mundo que nos rodeia de diferentes formas. Se eu fosse a duvidar da qualidade ou da pertinência daquilo que escrevo sempre que alguém me critica, ou se eu fosse alterar o manuscrito sempre que alguém me diz para cortar aqui ou acrescentar ali, nem na próxima vida teria uma versão final pronta. ^_^

3. Como alguém me disse, um dia, ‘Não existem más ideias, existem é formas melhores ou piores de passar as nossas ideias para o papel’. Por isso, nunca condenem uma ideia à partida, só porque alguém vos diz que esta não suficientemente boa ou interessante.

4. Quando resolverem rever o que escreveram, façam-no numa cópia em papel (imprimido) e leiam o vosso manuscrito em voz alta. É completamente diferente, acreditem. Existem muitas coisas que até nos soam bem, em pensamentos, mas que depois de ditas em voz alta só nos apetece enfiar a cabeça numa banheira cheia de água. ^_^

5. Talvez o mais importante. Escrevam porque gostam, amam, adoram! Não vale a pena escrever porque gostaríamos muito de editar um livro, de ser famosos ou de ganhar dinheiro. Se escrevermos porque o simples acto de escrever nos dá prazer, nada nos pode derrubar. Nem as persistentes recusas das editoras, nem as críticas menos simpáticas, nem o facto de o nosso livro não ter tido o sucesso esperado. Como diz o ditado ‘Quem corre por gosto não cansa’. Alimentem-se a vocês mesmos, não fiquem á espera que sejam os outros a vos impulsionar. Assim, se já nos encontrarmos em movimento pelas nossas próprias pernas, todos os empurrões que surgirem pelo caminho só vão servir para nos levar ainda mais longe. De igual modo, todas as pedras que nos fizerem tropeçar, nunca terão força suficiente para nos deixar eternamente estendidos no chão.



Espero que tenham gostado.

1 comentários:

  1. Deveras interessante esta entrevista e gostei da simplicidade da autora e das suas respostas. Continuem!

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