sábado, outubro 31, 2015

Conto de Halloween - Gato Maldito [WATTPAD]

Boa Noite Estrelinhas!

Esta semana que passou fui convidada por alguns escritores Brasileiros a participar no Halloween - Contos 2015.

Eu adorei a experiência, obviamente estou muito longe de me considerar uma Escritora 5 estrelas, até porque há escritores neste conto maravilhosos, e com obras publicadas por editoras brasileiras ou na Amazon. Eu apenas me contento em escrever algo e deixar na gaveta.
Se bem que me arrisquei no Wattpad com o titulo Ilusão, não ganho nada, mas certamente também não perco nada.
 A capa da minha pequena história, ainda no inicio foi feita por uma escritora Brasileira, ela é maravilhosa e eu adoro as obras dela. [das que já li, e um dia irei publicar aqui os trabalhos dela].

Deixo-vos aqui o print dos vários títulos deste conto 2015


Como podem ver pelo nome do perfil no Wattpad, este é DalmatasGJA, um perfil criado especialmente para publicar este conto dos vários escritores que nele participam. É por essa razão que não está no meu perfil, seria estranho todos os escritores envolvidos publicassem o mesmo conto inúmeras vezes. 

Eu ainda não li todos, aliás vou para o 3º Conto - A Kitsune e a maldição do Nogitsune

Esta noite promete heeh

O meu conto é o 11º da lista intitulado como Gato Maldito. Aviso que falta uma revisão bem grande, pois foi feito em cima da perna, o tempo era curto e a revisão ficou para a republica das bananas, assim que tiver um tempinho será corrigido. 

Para quem não lê no Wattpad, deixo aqui o meu conto, mas convido-vos a irem ler os restantes.





Gato Maldito


                 Eu odeio simplesmente a nossa nova casa.
                Não se pode dizer que seja uma casa pequena, muito pelo contrário, oh e perdoem-me mas chamar “Casa” a uma Mansão, parece-me um crime, porque ela é enorme. Tem pelo menos 5 quartos, todos eles com casa de banho privada. Sala de jantar, sala de estar uma cozinha que ocupa mais de metade da área térrea.
                As janelas altas com portadas negras, rangem ao sabor do vento. O Alpendre dianteiro, também ele de madeira negra torna a mansão um pouco assustadora. Mas não é apenas isso… as árvores altas de ramos despidos fazem lembrar monstros do pântano, a noite, com braços finos e unhas compridas. Imaginação fértil diria um de vocês, eu apenas digo que é a realidade. Pois nada é o que parece, a cada sombra esconde-se algo assustador e sombrio, e ver as sombras das árvores a moverem-se pela janela do meu quarto assusta-me de morte.
                Estou deitada na minha cama, a manta tapa-me até aos olhos, e estou toda enroladinha nela, nada pode entrar ou sair! Sim sou dessas que acredita nos monstros de baixo da cama, dessas que não deixa a mão de fora ou a perna, com medo de ser apanhada e arrastada para os confins do inferno…debaixo da cama, para ser mais precisa.
Sou arrastada da minha divagação, quando os sons de passos e degraus a ranger se tornam cada vez mais audíveis! Os meus dentes batem uns nos outros, Josh encontra-se deitado por cima da cama, para mim? Ele é muito corajoso, ou sem qualquer sentido de prudência, eu tentei vezes sem fim coloca-lo debaixo das mantas comigo, mas o Josh não é um gato que faça aquilo que a gente quer. Ele faz aquilo que Ele quer, e se ele quer dormir em cima da manta, é la que dorme, e enquanto ele estiver quietinho eu fico um pouco, quase nada, tranquila. Mas isso não dura, Josh começa a eriçar-se todo e a bufar constantemente na direção da porta, eu não sei o que está lá, pois estou de costas… chamem-me medricas se quiserem, mas não consigo virar-me, Josh salta da cama e eu choramingo enquanto bem baixinho chamo pelo meu chaneco.
                Tão rápido como tudo o que começou, os sons estranhos, o frio horrível que se sentiu no quarto… tudo isso, desaparece.
                A medo, viro-me muito devagarinho para a porta do quarto, nada, a porta está meio aberta e eu jogo as mantas para trás com os pés e salto da cama, corro até a porta e tranco esta.   Congelo completamente quando me viro na direção da cama… sinto como se tivesse levado um ponta pé no peito, o ar abandona completamente os meus pulmões e ofego profundamente!
                Josh está sentado nas patinhas traseiras dele, o pelo todo eriçado, de boquinha aberta a mostrar todos os seus dentinhos… mas não é isso que me assusta… são os olhos… Vermelhos, como duas lâmpadas acesas. Ele levanta-se e caminha tranquilamente para mim, para a um milímetro das minhas pernas…começa a ronronar e a dar torrinhas nas minhas pernas, roça-se em mim e depois caminha até ficar a minha frente de novo, aqueles olhinhos assustadoramente vermelhos a fixarem-me…
                -Aprecia o Halloween humana…será o ultimo. – Não tenho tempo de processar que o meu gato falou, pois ele está-me atacar! Sinto o meu sangue correr pela minha pele, caio na minha própria poça de sangue e apenas vejo os olhos vermelhos do meu gato e atrás dele, mais olhinhos vermelhos… mais gatos!
                De forma atabalhoada e inda ferida, tento colocar-me em pé, apos varias tentativas sou bem sucedida, corro até à porta e abro esta. 

Numa correria desenfreado, percorro o corredor da casa, chego até a porta do quarto dos meus pais e abro esta, estanco no meu lugar…. A cama está feita e ninguém está no quarto. Oiço os miados meio rosnados do meu gato, olho para trás e ele está sentado a olhar para mim, choramingo e chamo pelo meus pais… mas só o silêncio da casa me saúda. Volto a correr em direção oposta de Josh desço as escadas, e para a minha sorte torço o tornozelo e caio os últimos 5 degraus com o rabo.
                - MÃE!!!  PAI!!!!  ALGUEM??!! – nada, apenas silencio e mais silencio, fecho os meus olhos e rezo, rezo para que tudo seja um pesadelo, rezo para que não esteja sozinha, eu não posso estar sozinha! Isto não faz sentido! Oiço ronronar e olho para o topo das escadas, uma vez mais Josh está sentado a olhar para mim, Meu Deus, aqueles olhos, assustadoramente vermelhos! Levanto-me e uma dor forte está presente no meu tornozelo, mas insisto, tenho de conseguir! Corro para a sala, biblioteca, cozinha tudo o que é possível e nada, ninguém a casa esta deserta. Um vento forte quase arranca as janelas do sitio. As portadas batem com força contra as paredes, as sombras dançam como pequenos demónios satisfeitos pelo meu medo. Ao longe, através da minha janela vejo uma luz da casa vizinha acesa, não perco tempo e corro para a porta, desesperadamente tento abrir esta, mas não consigo, parto as minhas unhas neste processo enquanto puxo o trinco e tento abrir, mas nada.
                - Estás a dar-me trabalho, eu não gosto de trabalho. – olho para trás, o que antes era um gatinho, agora parece uma pantera de um tamanho anormal, escanzelado e o pelo parece molhado. – Importas-te de ficar quietinha? Facilita-me o trabalho! Vais morrer de qualquer maneira, e poderias morrer sem estar cansada. – o sorriso, sim deve ser um sorriso, mostra todos os dentes que Josh tem, até os dentes detrás, fios de baba escorrem pelos dentes e pingam da ponta do focinho dele.
                - Tu não podes ser real – choramingo – Não podes, tu adoras quando te acaricio a cabeça, ou dou beijinhos no teu narizinho pequenino, o meu Josh nunca me faria mal.
                Ele parece engasgado e logo percebo que era uma gargalhada.
                - És tão idiota, e é por seres tão idiota que terei todo o prazer do mundo de te matar. – dito isto Josh começa a andar na minha direção, e o medo toma conta de mim,  pego numa pequena jarra que está sobre uma mesa de canto perto da porta, e atiro contra o gato monstruoso, acerto-lhe e um fio de sangue escorre da cabeça dele, Josh fica atordoado por momentos o que me dá algum tempo de avanço, corro para todas as janelas, grito e bato nelas quando não as consigo abrir. O pânico consome-me, aquele friozinho pelas costas envolve-me como um manto, só consigo sentir medo, só consigo chorar e por mais que tente escapar…. Não consigo, caio de barriga e bato com força no chão, sinto as garras cravadas nas minhas costas e outras nas minhas pernas, esperneio e remexo-me para conseguir que os gatos saiam de cima de mim, as dores são cada vez mais atrozes, sinto algo quente a escorrer pela minha pele.
                - Humm…a humaninha desistiu? Aceitaste por fim o teu destino? – ouvir a voz que sai do meu gato, é como cair em vaco, vazio, frio, distante. Levanto a cabeça e olho de novo para a janela da sala, um pouco mais ao lado está a lareira e eis que vejo a grelha de proteção, pesada e bastante dura. Mostro derrota e descanso a cabeça sobre os meus braços, choramingo como que aceitasse por fim o meu destino. O Josh sai de cima de mim e com uma pata bate-me de lado, o que faz com que me projete contra a parede oposta, deixando-me sem ar e desnorteada. Quando finalmente volto a ficar em mim vejo Josh sentado nas patas traseiras a olhar para as garras…
                - Vou matar-te…. Lenta…. Demoradamente…. Arranco-te a pele com as minhas garras…ou as entranhas primeiro? – ele faz uma pausa e olha para mim. – Estou indeciso, achas possíveis? – e torna-se a rir, uma gargalhada meio engasgada. Levanto-me de um salto e corro para a chaminé, pego na armação de ferro da lareira e atiro-a contra a janela da sala, esta estilhaça-se e corro para a rua a todo a velocidade! Mesmo com o meu corpo a protestar, mesmo com todas as dores que sinto no meu corpo, corro sem parar e quando finalmente olho estou a chegar a porta do meu vizinho, bato como se não houvesse amanha…o que provavelmente pode acontecer, eu posso não ter o dia de amanha. Continuo a bater forte e firme.
                - Por Favor!!, Abra!! – suplico enquanto bato na maldita porta, oiço bufar atrás de mim, um bufar meio rosnado e olho sobre o ombro o Josh caminha na minha direção, o vermelho dos olhos brilha como a luz das chamas – Alguém abra a maldita porta!!! Socorro!!!! POR FAVORRR ELE VAI MATAR-ME! – mas quanto mais grito, mais a minha voz falha, sinto pressão na minha garganta, como se uma mão invisível a apertasse, o ar já não entra nos meus pulmões. Torno a insistir em trazer oxigénio para dentro do meu peito e faço força para gritar de novo, mas nada a voz não sai, é como se tivesse ficado rouca.  Vertigem tomam conta do meu ser e começo a ver todo desfocado, uma luz suave mas distante entra no meu campo de visão, sinto pancadas no meu rosto e oiço um som…eu reconheço este som, mas… não, não pode ser. Prefiro abraçar a escuridão e deixar-me levar. O meu corpo flutuo no nada, e a minha mente fica completamente apagada.

***

                Acordo com uma dor de cabeça tremenda, sinto como se tivesse passado o TGV por cima do meu corpo, podia jurar que me doía coisas que seria impossível de doer, até o meu cabelo me dói, acreditem.
                - Catarina! Vem comer o Pequeno-almoço está pronto e já estás atrasada! – abro os olhos novamente ao ouvir a minha mãe a chamar-me, viro o rosto para o lado e vejo o despertador.
                - Raios!!! – salto da cama e corro para a casa de banho, tomo um duche rápido escovo os dentes por fim volto ao quarto e tiro umas calças de ganga e um top e um casaco fino. Quando termino corro até a porta do quarto mas paro de repente e olho para trás. Josh está deitado com as patinhas cruzadas e a cabeça deitada sobre as patas, de olhos fixos em mim, vou dar um passo para ele, acaricia-lo e dar um beijinho, mas paro enquanto o observo e ele levanta a cabeça com o olhar cravado em mim como adagas, como se sentisse o meu medo….dele. Pego na mochila e saio disparada do quarto onde corro até a cozinha, bebo a minha caneca de leite e uma fatia de bolo de chocolate, pego numa maça e saio a correr de casa. Mas rapidamente torno a parar, muito devagar viro-me para trás e olho para a janela do meu quarto no primeiro andar, Josh está sentado no parapeito da janela…os olhinhos tristes enquanto me observa. Arrepio-me da cabeça aos pés e viro me para frente. E grito… grito como se a minha vida dependesse disso, grito com toda a força que me é possível e os meus pulmões permitem, até que algo me atinge na cara….
                - Credo Catarina, tás maluca? - vejo a minha amiga com as mãos junto ao peito e os olhos muito abertos, depois de me ter dado uma valente chapada na cara.
                - Des..desculpa… assustaste-me. –confesso envergonhada, credo o que se passa comigo? Será possível que acordei hoje e tudo me assusta? Mais do que o normal? – recomeçamos andar em direção  a estrada, o meu velhinho Polo está esta estacionado na berma da estrada. Destranco o carro e entramos, sei que Rafaela está a falar, mas nem presto atenção a isso… algo hoje não está bem, e não é só o aperto no meu peito e as dores no corpo que me dizem isso.
                - Hello?? Terra chama Catarina, está alguém ai? – vejo os dedos gorduchos de Rafaela a frente dos meus olhos. – Não estás armada em Anta né? Porque por favor, isso não pode ser só porque esta noite é noite de Halloween…
                - Noite quê? – Guincho completamente e nem a deixo terminar a frase. Odeio a noite da bruxas, odeio as pessoas supersticiosas, odeio os fatinhos que vestem e de baterem porta a porta, odeio o facto de nesta noite em concreto ter de prender Josh em casa, tudo porque é um gato preto, tudo porque há gente retardada que usa gatos pretos em rituais absurdos!
                - ….. lembras-te? – volto dos meus pensamentos quando vejo a Rafaela a olha fixamente para mim, e tenho de admitir, só ouvi o final.
                - Rafaela, seja o que for que tenhas em mente a resposta é não. – dito isto abro a porta do carro e saio, já estamos de frente a escola e este é o meu ultimo ano aqui, depois será a universidade, se bem que ainda não me decidi e estou a pensar numa pausa.
                - Oh Cati, va lá, não faças isso, é uma festa por amor aos santos! Vem lá, por favorrrrrr – olho para a Rafa, ela faz um olhar idêntico ao gato das botas, mas não me convence, noutro assunto talvez, mas noite de Halloween? Nunca!
                - Não insistas por favor, sabes que nõ alinho nessas merdas. Odeio Halloween e tudo o que o envolve, então por favor respeita isso!
                - Mas….
                - Mas nada Rafa, que merda! – sei que estou a ser bruta, e não há qualquer razão para isso, mas fodasse, deem um desconto sim? Algo se está a passar comigo, estou nervosa, ansiosa e irritada além de assustada. Então se estou na defensiva, não me critiquem. E a Rafaela parece perceber isso, pois olha-me bastante seria e não diz mais nada. Chegamos finalmente as aulas e o dia corre normalmente, incluindo os piropos horríveis de Carlos, que merda, ele não vê que são completamente fora? Por vezes sinto-me um osso sabem, daqueles ossos suculentos e andantes…em que nós passamos e os cães olham e babam com a língua pendurada? Sim… isso mesmo! É horrível não é? Oiço mais um toque da campainha, mais uma aula que terminou, arrumo as minhas coisas e caminho até a porta onde espero por Rafaela.
                - Queres boleia? – inquiro quando esta chega ao pe de mim.
                - Não obrigada, vou com a malta até ao Scorpions e depois vamos para a festa… se mudares de ideias….
                - Fica descansada, não irei mudar de ideias, nem que chova picaretas em brasa e haja unicórnios a mugir.
                 - Arghhh que seja cota. Até manhã.
                - Diverte-te. – Rio-me para Rafa e vou até ao meu carro, o caminho todo sinto-me observada, e dou por mim a pensar em Josh, que raio se passa comigo? Suspiro frustrada ou desanimada, nem mesmo eu sei. Quando chego perto do meu bolinhas, destraco este e entro, coloco as minhas coisas no banco do passageiro e ligo o carro…mas… ele não liga, nem sinal. Volto a insistir nele e… nada..
                - Oh Va lá, minha linda, maravilhosa lata velha, não me deixes na mão… - torno a tentar meter o carro a trabalhar…. Nada. – Não vais fazer isso com a mamã certo? Va-la, já é tarde, or favor  pega… - insisto de novo…mas nada. – Fodasse, carro de merda, chaço do caralho, sardinha em lata ferrugenta e imprestável! – grito com o carro enquanto bato com as mãos no volante, saio do carro furiosa e bato com a porta com o máximo de força e ainda chuto a merda desta lata velha. Olho para o céu que está cada vez mais escuro.
                - Não há mais nada para acontecer? Começar a cho... – nem termino de falar, e começa a chover torrencialmente, como se os céus estivessem furiosos! – Mas que grande lata!! – resmungo para os céus, deixo a minha mochila no carro assim como livros e tudo mais e levo comigo só o telemóvel e a chave de casa e do carro. Nem me dou ao trabalho de vestir o blusão que está no banco detrás, já estou ensopada mesmo, gelada até aos ossos por isso.
                Inicio a minha caminhada até casa, será uma hora e meia no mínimo andar, passar por um pinhal enorme e escuro e depois por um cemitério. Vocês devem de se estar a perguntar porque não ligo a minha mãe? Simples… porque são Oito horas… olho de novo ao relógio.
                - Raios me partam, já é oito horas? – rosno e tento acelerar o passo, mas pouco depois sou obrigada a tentar-me proteger uma pequena casa abandonada na berma da estrada, ela já se encontra vandalizada, sem janelas ou portas mas está boa o suficiente para me proteger da chuva que está cada vez mais forte, e é de todo impossível conseguir andar e manter os olhos abertos, até porque as gotas de chuva parecem pedra a cair em cima da minha cabeça.
                Sento-me no chão enquanto espero que a chuva passe, mas nada, cada vez está pior e para ajudar, estou sem rede, provavelmente por culpa deste maldito tempo.
                - Que mais pode acontecer? Porque comigo? Porquê hoje? – abraço-me a mim mesma, estou cada vez mais e mais gelada, talvez se tivesse trazido o blusão estaria melhor. Teimosa de um raio!
                Acho que passei pelas brasas em algum momento, pois não me lembro da chuva abrandar e quando olho ao relógio já são 23:18. Levanto-me rapidamente e ponho-me a caminho, a caminhada está longe de terminar, por isso não posso perder tempo.
                Já estou andar um bom bocado e pouco falta para passar o cemitério, quando aquela sensação se faz presente, sinto-me observada e todos os meus pelos da nuca se arrepiam, abraço-me mais a mim mesma e tento acelerar ainda mais um passo, oiço um ruido e nem penso em olhar para trás, muito pelo contrario, o medo gela as minhas costas e eu desato a correr, corro como se não houvesse amanha, como se a minha vida dependesse disso e é ai…é ai que me lembro…
                - Josh… - sussurro e paro, rodo sobre mim mesma e vejo o que vem atrás de mim, uma sombra enorme persegue-me, não posso dizer se é homem ou mulher, se é animal ou o que seja, porque não percebo ao certo. Tomada pelo medo e pânico desato a correr, corro até me doer a barriga, as pernas e o meu peito arder . Um ardor horrível atinge-me nas costas e eu caio de joelhos no chão, tento-me levantar, mas sinto-me dormente.
                - Feliz Halloween humana… - aquela voz sussurrada, rouca e abafada causa-me calafrios e eu conheço ela, esta voz esteve presente no meu sonho, o sonho que eu não me recordava.
                - Josh…. – sussurro tão baixinho que mal me oiço a mim mesma, mas aquele ser ouve, aquele mostro dá uma gargalhada, que mais parece que se engasgou, então um vento gelado fustiga o meu rosto os meus cabelos rodopiam no ar e eu olho em frente, vejo o meu gato preto, Josh está a dez metros afastado de mim, mas…. Desvio os olhos dele para o que está em pé atras de mim.
                - Ora ora, podes ter salvo ela no sonho meu amigo, mas aqui ela é minha… - a sombra nojenta diz enquanto mostra um género de sorriso vitorioso. Eu encolho-me e choramingo e torno a olhar para Josh, vejo ele crescer diante dos meus olhos, passar de um simples gato preto a uma pantera negra de olhos vermelhos e dentes assustadoramente afiados.
                - Enganas-te, a humana é minha desde sempre e tu sabes que não deves mexer no que é meu.  – aquela voz, olho para ele, e vejo Josh olhar para mim e depois num impulso estupido coloco-me em pé e torno  a correr com tudo o que ainda está vivo dentro de mim, Josh começa a correr na minha direção, e salta por cima de mim, na mesma altura que eu me baixo assustada, tento para mas os meus pés escorregam no chão e caio de traseiro. Olho para trás e vejo Josh a lutar com aquela coisa, é uma luta renhida, ambos estão em forma e não mostram ar de fraqueza.  Rosnados, arranhões e mordidas é o que está presente, e eu grito, grito quando vejo Josh ser atirado contra uma arvore, grito quando vejo o corpo felino curvar-se num angulo estranho e grito por medo. A Sombra vira-se para mim e começa andar na minha direção…
                - Todo este tempo eras tu… - sussurro – Sempre foste tu a meter-me medo, sempre foste tu a perseguir-me!
                - Huu a humana descobriu como se usa a massinha cinzenta, diz-me quer um Nobel agora?
                - Vai-te fuder, criatura nojenta! – sinto uma raiva de todo o tamanho a crescer em mim, fui enganada este tempo todo, sempre sonhava com ele, mas o pesadelo era destorcido, e o meu medo recaia sobre Josh, o meu gatinho que me escolheu, que todos os dias me esperava na porta da escola que ronronava quando lhe dava as minhas sandes…. O olhar triste que Josh me dava todas as manhas neste ultimo mês, feriu-me profundamente, ele sabia… apenas eu não me lembrava, apesar de sentir medo, não só pela velha mansão, de madeira que rangia a cada passo, as portas negras e alpendre, tudo neste ultimo mês, Josh sabia, e como sempre lhe dizia na brincadeira…. Tu não és um gato… estás apenas amaldoçoado… és um gato amaldiçoado.
                Grito com a dor no meu peito, e corro de encontro a sombra, a dor aumenta ainda mais no meu peito e as lagrimas correm pelo meu rosto. Quando me preparo para bater de encontro a Sombra…eu… transpasso-a. E Caio no chão ao lado de Josh, choro, e abraço o corpo da minha pantera negra, o corpinho ferido dele faz doer o meu coração.
                - Por favor… perdoa-me. Não me deixes – abraço-o ainda mais a mim o pelo suave e cheiroso de Josh invade os meus sentidos e fica molhados com as minhas lagrimas – Que vou fazer sem ti?
                - Oh por favor, deixa-me terminar com isto, esta cena está a dar-me gases! – olho para a Sombra, e volto a ser percorrida pela minha raiva. – Vai-te fuder, invejoso! – volto a olhar para baixo e vejo que Josh está a mexer-se, quando mais o abraço, mais ele se mexe e mais fraca me sinto, as tonturas voltam atacar-me e eu pergunto-me desta vez…. Sonho? Ou Realidade? A Sombra está estática a olhar para nós, como se estivesse preso, vejo isso, e quando torno a olhar para Josh, não é uns olhos felinos e vermelhos que me olham…são olhos humanos, pretos e lindos.
                O meu corpo entra em clapso e vejo-me a cair para o lado, Josh segura-me e deita-me de lado no chão, vejo-o andar descontraidamente em direção ao sombra, Josh sussurra algo, e quanto mais ele sussurra mais fraca fico e mais o Sombra grita, fecho os meus olhos, não quero ver, quero apenas acordar, preciso de acordar…estou a sonhar não estou?
                - Dorme querida, estás a salvo…por agora. – e deixo-me embalar pela voz suave e masculina de Josh… mas o meu gato preto não deveria falar….devia? Nem parecer um jovem lindo de cortar a respiração…. Ou devia?
Tento falar, mas uma vez mais nada sai nada, desisto e deixo-me levar pelas trevas, odeio o Halloween!



2 comentários:

  1. Onde será que ela foi buscar a ideia do gato maldito e nem deu créditos..... (?)

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    1. Ao meu Gil.... sempre sonhei que ele fosse amaldiçoado num corpinho felino miga.... hahahaha

      Sim a minha lindona sugeriu um conto sobre Gatos do Diabo, a ideia seria usar os gatos dela como referencia, mas fui ameaçada, por duas bolinhas de pelo que me ligaram pelo skype, eles disseram que iriam encher-me de pelinhos e arranhões se eu pensasse em tal barbaridade! Por eles não são gatos do diabo.... sei....

      tive de zelar pela minha vida......e saude.

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