sábado, outubro 13, 2018

Diário de Uma Maça com Bichinho #2

Boa noite Estrelinhas,

ora bem, como vocês possivelmente estão recordados - se não podem consultar AQUI,eu era para fazer um género de diário sobre a minha segunda gravidez, desde como começou, melhor dizendo...como soube, e referindo pequenos pontos também da minha primeira gravidez. 
Contudo, a gravidez da minha Leonor não correu 100% bem, foram muitas entradas de urgência, muitas dores e mau estar e até a um internamento.  Resumindo, foi quase um pesadelo e nenhuma mãe deveria ter passado pelo que passei. Ok, há piores, mas.. este é o meu caso e das outras mães o delas,não desvalorizando, cada caso é um caso, cada uma com as suas dores. 

Mas quando profissionais de saúde ignoram o sofrimento da mãe porque o bebé está bem e é isso que interessa, estamos mal. Acho que são duas vidas que interessam e a partir do momento em que a mãe não está bem algo deve ser feito. Mais ainda quando a mãe começa a apresentar vários problemas a nível de saúde com muitas entradas nas urgências, não será isso um facto a ter em conta? Mas não, pelo menos assim o parece. CTG ok, ecografia ok, então pode ir para casa e basicamente é isto.

Ao fim de 3 meses, e do pouco que me recordo, acabei por escrever uma carta de reclamação. Não só contra o médico em questão, como da equipa que me atendeu naquela noite/manhã e um pouco da tarde. 

Que se fosse por esse médico, essa equipa, eu estaria morta e não estou abusar.

Sou da opinião de que deveria haver um inquérito no Hospital São Bernardo em Setúbal. E quase de certeza que é o hospital que mais maus profissionais tem. Atenção, que também há bons profissionais, agradeço de coração a todas as enfermeiras que me acompanharam, foram 5 estrelas comigo e mais não puderam fazer, principalmente uma enfermeira que não me recordo do nome, mas é uma senhora forte, provavelmente com 50 anos mais ou menos, de óculos, salvo erro. Ela esteve de serviço no dia 23 para 24 de Junho. Tanto ela como mais enfermeiras [não me consigo recordar dos rostos, mas sei que houve mais de uma no meu quarto, pois lembro-me em pequenos episódios, talvez quando as dores eram mais fortes e faziam-me ter consciência do que se passava]que falavam comigo, que vinham ver como estava, que "discutiam" entre elas o que se estava a passar. 

Eu não me recordo, o meu marido é que me disse que ouviu o médico a gritar num espanhol meio português para prepararem o bloco para me fazerem a cesariana e que era para já, tanto quanto sei [pelo meu marido] parece que houve uma troca de turnos no dia 24 de Junho pelas 16h. O certo é que este medico acabou por me salvar porque eu duvido muito que aguentasse muito mais. 

Eu sei, eu recordo-me de apagar, de haver momentos em que tudo ficava em branco, de sentir o meu corpo a tremer de forma descontrolada, de sentir tanto frio e ao mesmo tempo estar completamente em brasa, os meus lábios super dormentes, o rosto... bem o meu muito obrigada a esse anjo que ordenou a cesariana, obrigada de coração porque ele salvou-me.  

Um mega obrigada de todo o coração à anestesista que esteve SEMPRE comigo, que me recordava que tinha de respirar [apesar de eu estar de mascara] que me chamava e metia conversa comigo, sempre para me manter acordada/consciente.

Obrigada à enfermeira [?] que me trouxe a Leonor e a encostou ao meu rosto e este ali enquanto eu sentia a minha filha contra o minha pele da cara, soube tão bem ouvir ela a chorar contra mim, saber que ela estava bem.

A verdade é que por instantes, senti todo o meu corpo meio dormente/flutuar, na minha cabeça naquele momento a única coisa que me passou foi [depois de levarem a minha princesa]é agora que me vou, porque eu não sinto o meu corpo. E na verdade eu tenho a vaga ideia de falarem comigo, de ver, uma visão enublada, o rosto da anestesista sobre mim. Eu não sei o que aconteceu, não sei o que disseram, só sei que comecei a sentir dores nas costas e braços, comecei a sentir cada pedacinho do meu corpo, até o dedo mindinho do pé que estava gelado e dormente.

Sim, o Hospital de São Bernardo também tem bons profissionais, é pena é serem tão poucos. 
São mais os médicos que estão ali apenas para passar as horas de serviço, que se estão completamente a cagar para os doentes e bem estar deles, dos que os médicos que estão ali por amor à camisola, que sentem e se preocupam realmente com o utente.

O meu mega obrigada  a funcionaria Vina [Malvina] do refeitório/cozinha que era sempre uma querida comigo e tinha sempre atenção por causa da minha alimentação.

Por incrível que possa parece há bons funcionários e há aquelas auxiliares de bosta que não basta tu estares dependente delas para tomares um banho, que ainda te fazem sentir um lixo. Não basta estares algaliada, de penso e obviamente as enfermeiras dizem-te.. como temos de te ver e bla bla bla, usas umas cuequinhas descartáveis do hospital, não há necessidade de usares as tuas e ficarem sujas de sangue, o que custa a sair depois, para chegar elas e dizerem, não tem roupa interior? 

E tu dizes, como estás algaliada, a perder sangue do parto, visão mega reduzida [sim, porque a minha visão desfocou de tal forma que não conseguia ver o original do duplicado. ou seja entrava uma enfermeira e eu via três e ainda hoje não vejo como deve de ser]e como era vista e mexida por causa da algalia, que o melhor era usar as cuequitas descartáveis. Oh... é que nem contado, não é que começaram armar-se em parvas? Que era uma vergonha, que era por isso que o hospital não andava para a frente, se tinha alguma lógica, que eu tinha de ter a minha roupa interior e bla bla bla, bem eu só não chorei por vergonha, foi a situação mais humilhante da minha vida. 

Mas hoje eu pergunto-me, para que servem as cuequitas de rede descartáveis, se não é para nós usarmos? É para estas auxiliares levarem para casa? Se calhar deve de ser isso. Umas cabras completamente. 

Mas apesar destas bestas que não respeitam nada nem ninguém e que não tiveram em consideração a minha pessoa ou qualquer outra que elas tenham dito o mesmo, houve auxiliares que foram um amor. Uma pequenina, que não consigo recordar-me do nome dela, magrinha, de óculos que inclusive voltei a vê-la uns dias mais tarde após ter tido alta, devia ser meia noite, uma da manhã. O meu penso ficou cheio de espuma e água e atrapalhada, lá fui eu as urgências para o trocar com medo de que criasse infecção, quando bastava apenas ter retirado ele e pronto hahaha

E pronto, das duas uma... ou tens guito para pagares para seres bem atendida e não apanhares uma equipa de cães, ou sujeitas-te a ir para ao hospital de Setúbal.

A nível de enfermeiros até te safas, auxiliares também, excepto aquelas duas cadelas mal amadas. 

Se existe algo que sei é profissionalismo e quando me formei em Geriatria e Apoio à família e ao cidadão portador de deficiência era que tínhamos de ter muita atenção ao que fazíamos e quando falávamos era com o utente e nunca uma com a outra - entre colegas. Porque o utente está sempre numa situação delicada, dependente de outrem para cuidar dele, da higiene dele e que o mesmo não é um pedaço de trapo que anda nas nossas mãos. Temos o direito e dever de fazer o utente sentir-se incluído, pois alem das visitas familiares [quando se tem] só nos tem a nós para falar, é só a nós que vê e se pode distrair um pouco, e que esses 5/10 minutos é SEMPRE do utente. Qualquer assunto deve ser falado fora dos ouvidos do utente, mais ainda se algo nos desagrada e não diz respeito ao utente. 

Irei no entanto ver se ainda irei fazer pelo menos umas dois ou três publicações das duas gravidezes, como foi da cesariana [basicamente aqui vocês já sabem ] e quando foi do parto por ventosas do meu filho. Em ambas as situações não fiz a dilatação como deve de ser, e a coisa...bem... até correu bem, tendo em conta que tenho os meus dois tesouros mais preciosos da minha vida comigo. 
O mesmo não podem dizer algumas mães quando corre mal 😢

Por hoje é tudo, bom fim de semana

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