1º Fala-nos um pouco de ti.
Nasci em Dezembro de 1982, em Almada e sempre senti uma atracção enorme pelo mundo dos livros. Aprendi a ler em casa, na companhia da minha mãe para poder ter alguma autonomia nas noites em que os meus pais simplesmente não tinham muito tempo. Primeiro vieram os contos da Disney, depois as aventuras juvenis e por volta dos 11 anos comecei a leitura da obra completa de Agatha Christie, emprestada por uma prima. A escrita surgiu aos 16 anos, mas não foi nada sério, sendo que apenas na faculdade se proporcionou a criação de um trabalho estruturado. Licenciei-me em comunicação social e desde então tenho dedicado parte do meu tempo à escrita.
2ºQual o teu autor/a favorito?
Tenho vários, Juliet Marillier, Karen Marie Moning, Anne Bishop são talvez os nomes que mais me marcaram por um ou outro motivo. Depois tenho autores dos quais gosto bastante, mas não em todos os registos, caso de Nora Roberts e Christine Feehan. Gosto também de Sherrylin Kenyon, George R.R. Marton, Kate Mosse e tantos outros, já em obras mais pontuais e não sagas ou trilogias como os anteriormente referidos.
3º Livros que mais gostas?
Tal como os autores, tenho vários. Devo confessar que leio cada vez mais fantasia (e consequentes subgéneros), embora tenha passado também pelo romance histórico, romance, aventura e policiais. Os preferidos, contudo, teimam em pertencer à categoria de Fantasia.
4ºQue livro mais te marcou?
Embora tenha vários livros que me marcaram e que se perpetuaram na minha mente, penso que a trilogia de Sevenwaters, da Juliet Marillier ainda permanece como a obra que despoletou qualquer coisa cá dentro, até porque até à data foi a única que foi relida três vezes.
5ºTens algum livro, que recomendarias?
Vários, por norma todos os que gosto recomendo, especialmente porque tenho amigos que gostam do mesmo género de livros, além de que estou também registada em comunidades online onde se debatem autores, livros, etc. Dois autores, ou autoras, neste caso, que não me tenho cansado de recomendar são precisamente Juliet Marillier e Anne Bishop, talvez por serem menos “chapa 5” e por fugirem às modas que o mercado editorial tem ditado.
6º Como surgiu a ideia para o livro “O Vestido”?
Há uns anos dizer o que vou dizer a seguir teria parecido original. Depois apareceu a S. Meyer e estragou tudo… A verdade é que sonhei com a história, ou melhor, com o conteúdo do primeiro capítulo do conto. Se trocarem a Inês pela Milene… tudo o resto foi igual. Como tinha um trabalho de linguística para apresentar na faculdade, aproveitei o sonho para fazer dele uma pequena história. Quando uma ou duas semanas mais tarde o professor devolveu os trabalhos eu tinha um grande comentário na primeira página que dizia “quero ver o resto, nem que seja no fim do curso”. Certo foi que esse professor voltou a dar-me aulas no 4º ano e efectivamente apresentei-lhe o conto completo para avaliação de uma outra cadeira.
7ºEm que te inspiraste?
Mais uma vez, no sonho que tive e depois em arranjar um enredo que justificasse o que se tinha passado. Além disso, pelo próprio caminho que dei à história, decidi tocar muito superficialmente nos temas místicos que faziam parte do meu dia-a-dia, como o paganismo de origem celta e o Tarot, embora não nos moldes como são apresentados no livro. Toda a literatura que consumia à data também serviu de inspiração.
8º O que sentiste ao vê-lo publicado?
Uma grande alegria e mais tarde uma grande desilusão, daí o ter reeditado. O processo editorial não foi fácil e tive a sorte ou o azar de aceitar assinar contrato com uma editora que pouco mais fez do que imprimir o livro e metê-lo à venda no seu próprio site. Não havia divulgação, a não ser a que eu, os meus amigos, a minha família e alguns leitores a quem o livro chegou fazíamos, sendo que nessa altura eu não tinha qualquer lucro por unidades vendidas. Agora tenho plena consciência que a venda está nas mesmas condições, até porque é uma print-on-demand, mas foi opção minha, a publicidade nas redes sociais alargou-se no espaço de 5 anos (o livro foi originalmente editado em 2007) e aqui sempre tenho poder de decisão sobre todos os aspectos.
9º Tens algum trabalho já em mente?
Se tenho… O Feitiço da Moura (outro conto, que é o fechar do ciclo iniciado com O Vestido) está a aguardar revisão final há cerca de um ano. Tenho tido algum feedback por parte de alguns leitores que estão ansiosos para saber mais sobre a Inês e o que lhe acontece depois da forma que a sua aventura terminou, mas tenho sentido uma certa apreensão para trabalhar no texto e não quero de todo forçar o processo. Desde essa altura tenho ainda andado em pesquisas, a reunir material e a compor personagens, mapas, regras, etc para uma nova história que não vai ser um conto, que ainda não tem título e que me tem deixado em pulgas para escrever.
10º Conselhos para novos escritores?
Eu própria considero-me uma nova escritora e também eu, por vezes, ando à procura de conselhos.
Do que aprendi até hoje posso dizer que há que saber lidar com a crítica (boa ou má), não desmoralizar quando não nos dão palmadinhas nas costas ou sorrisos. O texto está mau? Não há problema, se tivemos a ideia podemos sempre alterar a forma como a expomos, logo, se nos apontaram erros há que trabalhar para corrigir tudo o que nos foi indicado como incorrecto.
Outro aspecto importante é ler muito e praticar ainda mais. Não quero com isto dizer que bebamos tudo para depois fazer algo parecido porque teve sucesso ou porque simplesmente gostamos, não. A ideia é interiorizar a fluidez das narrativas, dos diálogos, aprender a distinguir um bom texto de um mau texto e não apenas por gostarmos ou não da história, expandirmos o nosso vocabulário, fazer-nos pesquisar temas, subtemas, expressões, lendas, mitologia, história, o que for, porque o processo de criação e de escrita é como voltar à escola, é aprender mais e mais para depois fazer melhor e, se possível, diferente.
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