sexta-feira, outubro 12, 2012

As Trevas da Paixão - Eloísa


Évora, cidade maravilhosa!
Portugal é feito de muitas cidades, cada uma delas dotada de uma beleza própria e única, mas a cidade de Évora, situada na imensa calma da zona Alentejana, tem a capacidade de nos transportar para um mundo completamente diferente.
Podia começar a minha história por vos mostrar quão bonita é a cidade de Évora, com o seu famoso centro histórico, património mundial pela UNESCO. Ou falar-vos do testemunho romano impresso em cada rua que prevalece até aos dias de hoje. Podia falar das lindas e românticas ruínas do templo de Diana.
Até podia pintar a cidade de Évora de cor-de-rosa, de uma ponta à outra, tal como eu tinha imaginado. Mas isso só serviria para vos distrair da minha realidade.
O meu nome é Eloísa, tenho vinte e cinco anos, nasci, cresci e morei grande parte da minha vida em Évora. Tenho os cabelos pretos, longos, aos caracóis, que me batem no meio das costas. Tenho uns olhos cinzentos que segundo dizem, são hipnotizantes e me concedem um ar exótico. Tenho cerca de 1.70mt de altura, pele morena e os homens consideram-me curvilínea.
Trabalho no hotel “Estrela do Horizonte”, como chefe de recepção e desenganem-se, não sou apenas e só uma cara bonita.
Terminei a minha licenciatura na escola superior de gestão, hotelaria e turismo de Faro, com média de 18 valores. Sou fluente em variadas línguas, entre elas, o comum inglês, francês, espanhol e italiano.  
Mas por vezes pergunto-me, de que me adianta ter tudo isto? Um emprego estável? Sim, compensa, mas por outro lado, as folgas para o merecido descanso estão longe de estar à vista, e em termos monetários não se vê grande diferença. Logo, tempo para divertimento e novos conhecimentos são nulos. Poderia dizer que pelo meu ar exótico tenho um batalhão de rapazes atrás, mas estaria a mentir com os dentinhos todos que tenho na boca e eu não suporto mentiras. Por incrível que pareça, os homens babam-se literalmente a olhar para mim, o que me deixa deveras incomodada por vezes, vá se lá ver, ainda ontem por exemplo. Estava eu a super visionar um check in de um cliente, quando me apercebo que ele observava-me com os olhos arregalados, quase a saírem das órbitas, de boca aberta e um pouco de baba a escorrer-lhe pelo queixo.

Acreditem, não é a melhor imagem que vos estou a passar, mas caramba, imaginem o que me estava a acontecer e ter hospedes a ver? Não sabia se fugia agoniada ou se lhe oferecia um lenço, mas profissional como sou, tomei uma decisão rápida e entreguei-lhe um Kleenex[1], mas o desgraçado estava tão hipnotizado que foi preciso o filho dar-lhe um encontrão para ver se o pobre homem despertava, sim, não mencionei a parte de ser um Senhor já de meia idade e mais uma década, uau consigo despertar os mortos. Bom sinal ou não… só sei que dei por mim a rir à gargalhada com o meu pensamento.

- Peço imensa desculpa, meus Senhores. – disse tentando manter-me  séria e profissional – Ah, Isabel por favor, terminas aqui?

Assim que me encontro a salvo no guiché fechado, reservado aos funcionários, volto a rir até não poder mais.
São estas pequenas lembranças que me fazem rir e ao mesmo tempo me fazem sentir deprimida, momento que chego à conclusão que não tenho tudo, pois falta o essencial, o amor, alguém a quem amar, sorrir, partilhar um dia de trabalho e de futuro criar uma família, construir um lar, com filhotes e marido…

-Desculpe, não queria arranca-la dos seus pensamentos. – Interrompe uma voz agradável e simpática – Mas parece-me que a pequena viagem às suas memórias, tão depressa a fazem sorrir como encher de lágrimas esses belos olhos. O que confesso, deixa-a ainda mais bela.

Olho para o dono da voz que fez o meu coração disparar… tanto pelo susto, de não estar a contar que aparecesse alguém, como pelo tom suave e meigo, que parecia uma caricia.

Ok, desta sou eu que fico como uma tontinha de boca aberta e olhos arregalados, e acredito que sou eu, quem precisa de um Kleenex… Com urgência

M.I.N.H.A N.O.S.S.A S.E.N.H.O.RA, grito dentro da minha cabeça, enquanto a minha consciência me dá um abanão mental.

-Peço desculpa, em que posso ser útil? – idiota, ser útil? Raios te partam, estás na recepção…mais concretamente ao balcão, logo, o mais provável é o senhor querer um quarto? Censura o meu subconsciente.

Oh, cala-te! Digo para mim mesma, pode querer saber onde é o bar do hotel, não quer dizer que queira ir para um quarto…  

Relegando as observações conflituosas dos meus «EUS», observo-o olhos nos olhos e sinto-me presa pelo seu olhar, que me observa atentamente. Muito provavelmente deve achar que sou maluquinha, pensei.

O desconhecido percorre o meu corpo de alto a baixo e sinto-me a aquecer, não é que aconteça com muita frequência, mas raios, o homem é tudo de bom: um tom de pele que faz lembrar uma caneca de leite com chocolate, adoro leite com chocolate, uns olhos castanhos, uns lábios grossos que pareciam estar a gritar: beija-me, um corpo maravilhoso, que por de baixo da camisa branca, aberta no peito, mostra estar bem definido. E a parte boa é que é uns 10 centímetros mais alto que eu, logo, uma cena de sexo contra uma parede não estaria nada mal!
Céus o que se passa comigo?



[1] Lenços.








2 comentários:

  1. Está muito bom =) Se pelo vídeo já estava curiosa com esta introdução não há dúvidas que vou seguir esta história, com humor o que é importante nos dias que correm, haja algo para nos alegrar, boas descrições, para quando a continuação?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Soraya Melo,

      ficamos contentes por gostares e por seguires :) todas as semanas será publicado um bocadinho da historia. Pois colocar um capitulo inteiro achamos que iria ficar muito "pesado" para se ler. :) iremos tentar manter sempre o humor mesmo quando a situação da Eloisa será mazinha :)

      Eliminar