Boa Noite Estrelinhas!
Esta semana que passou fui convidada por alguns escritores Brasileiros a participar no Halloween - Contos 2015.
Eu adorei a experiência, obviamente estou muito longe de me considerar uma Escritora 5 estrelas, até porque há escritores neste conto maravilhosos, e com obras publicadas por editoras brasileiras ou na Amazon. Eu apenas me contento em escrever algo e deixar na gaveta.
Se bem que me arrisquei no Wattpad com o titulo Ilusão, não ganho nada, mas certamente também não perco nada.
A capa da minha pequena história, ainda no inicio foi feita por uma escritora Brasileira, ela é maravilhosa e eu adoro as obras dela. [das que já li, e um dia irei publicar aqui os trabalhos dela].
Deixo-vos aqui o print dos vários títulos deste conto 2015
Esta semana que passou fui convidada por alguns escritores Brasileiros a participar no Halloween - Contos 2015.
Eu adorei a experiência, obviamente estou muito longe de me considerar uma Escritora 5 estrelas, até porque há escritores neste conto maravilhosos, e com obras publicadas por editoras brasileiras ou na Amazon. Eu apenas me contento em escrever algo e deixar na gaveta.
Se bem que me arrisquei no Wattpad com o titulo Ilusão, não ganho nada, mas certamente também não perco nada.
A capa da minha pequena história, ainda no inicio foi feita por uma escritora Brasileira, ela é maravilhosa e eu adoro as obras dela. [das que já li, e um dia irei publicar aqui os trabalhos dela].
Deixo-vos aqui o print dos vários títulos deste conto 2015
Como podem ver pelo nome do perfil no Wattpad, este é DalmatasGJA, um perfil criado especialmente para publicar este conto dos vários escritores que nele participam. É por essa razão que não está no meu perfil, seria estranho todos os escritores envolvidos publicassem o mesmo conto inúmeras vezes.
Eu ainda não li todos, aliás vou para o 3º Conto - A Kitsune e a maldição do Nogitsune
Esta noite promete heeh
O meu conto é o 11º da lista intitulado como Gato Maldito. Aviso que falta uma revisão bem grande, pois foi feito em cima da perna, o tempo era curto e a revisão ficou para a republica das bananas, assim que tiver um tempinho será corrigido.
Para quem não lê no Wattpad, deixo aqui o meu conto, mas convido-vos a irem ler os restantes.
Gato Maldito
Eu odeio
simplesmente a nossa nova casa.
Não se pode dizer que seja uma
casa pequena, muito pelo contrário, oh e perdoem-me mas chamar “Casa” a uma
Mansão, parece-me um crime, porque ela é enorme. Tem pelo menos 5 quartos,
todos eles com casa de banho privada. Sala de jantar, sala de estar uma cozinha
que ocupa mais de metade da área térrea.
As janelas altas com portadas
negras, rangem ao sabor do vento. O Alpendre dianteiro, também ele de madeira
negra torna a mansão um pouco assustadora. Mas não é apenas isso… as árvores
altas de ramos despidos fazem lembrar monstros do pântano, a noite, com braços
finos e unhas compridas. Imaginação fértil diria um de vocês, eu apenas digo
que é a realidade. Pois nada é o que parece, a cada sombra esconde-se algo assustador
e sombrio, e ver as sombras das árvores a moverem-se pela janela do meu quarto
assusta-me de morte.
Estou deitada na minha cama, a
manta tapa-me até aos olhos, e estou toda enroladinha nela, nada pode entrar ou
sair! Sim sou dessas que acredita nos monstros de baixo da cama, dessas que não
deixa a mão de fora ou a perna, com medo de ser apanhada e arrastada para os
confins do inferno…debaixo da cama, para ser mais precisa.
Sou
arrastada da minha divagação, quando os sons de passos e degraus a ranger se
tornam cada vez mais audíveis! Os meus dentes batem uns nos outros, Josh
encontra-se deitado por cima da cama, para mim? Ele é muito corajoso, ou sem
qualquer sentido de prudência, eu tentei vezes sem fim coloca-lo debaixo das
mantas comigo, mas o Josh não é um gato que faça aquilo que a gente quer. Ele
faz aquilo que Ele quer, e se ele quer dormir em cima da manta, é la que dorme,
e enquanto ele estiver quietinho eu fico um pouco, quase nada, tranquila. Mas
isso não dura, Josh começa a eriçar-se todo e a bufar constantemente na direção
da porta, eu não sei o que está lá, pois estou de costas… chamem-me medricas se
quiserem, mas não consigo virar-me, Josh salta da cama e eu choramingo enquanto
bem baixinho chamo pelo meu chaneco.
Tão rápido como tudo o que
começou, os sons estranhos, o frio horrível que se sentiu no quarto… tudo isso,
desaparece.
A medo, viro-me muito
devagarinho para a porta do quarto, nada, a porta está meio aberta e eu jogo as
mantas para trás com os pés e salto da cama, corro até a porta e tranco esta. Congelo completamente quando me viro na
direção da cama… sinto como se tivesse levado um ponta pé no peito, o ar
abandona completamente os meus pulmões e ofego profundamente!
Josh está sentado nas patinhas
traseiras dele, o pelo todo eriçado, de boquinha aberta a mostrar todos os seus
dentinhos… mas não é isso que me assusta… são os olhos… Vermelhos, como duas
lâmpadas acesas. Ele levanta-se e caminha tranquilamente para mim, para a um
milímetro das minhas pernas…começa a ronronar e a dar torrinhas nas minhas
pernas, roça-se em mim e depois caminha até ficar a minha frente de novo,
aqueles olhinhos assustadoramente vermelhos a fixarem-me…
-Aprecia o Halloween humana…será
o ultimo. – Não tenho tempo de processar que o meu gato falou, pois ele está-me
atacar! Sinto o meu sangue correr pela minha pele, caio na minha própria poça
de sangue e apenas vejo os olhos vermelhos do meu gato e atrás dele, mais
olhinhos vermelhos… mais gatos!
De forma atabalhoada e inda
ferida, tento colocar-me em pé, apos varias tentativas sou bem sucedida, corro
até à porta e abro esta.
Numa correria desenfreado, percorro o corredor da casa, chego até a porta do
quarto dos meus pais e abro esta, estanco no meu lugar…. A cama está feita e
ninguém está no quarto. Oiço os miados meio rosnados do meu gato, olho para
trás e ele está sentado a olhar para mim, choramingo e chamo pelo meus pais…
mas só o silêncio da casa me saúda. Volto a correr em direção oposta de Josh
desço as escadas, e para a minha sorte torço o tornozelo e caio os últimos 5
degraus com o rabo.
- MÃE!!! PAI!!!!
ALGUEM??!! – nada, apenas silencio e mais silencio, fecho os meus olhos
e rezo, rezo para que tudo seja um pesadelo, rezo para que não esteja sozinha,
eu não posso estar sozinha! Isto não faz sentido! Oiço ronronar e olho para o
topo das escadas, uma vez mais Josh está sentado a olhar para mim, Meu Deus,
aqueles olhos, assustadoramente vermelhos! Levanto-me e uma dor forte está
presente no meu tornozelo, mas insisto, tenho de conseguir! Corro para a sala,
biblioteca, cozinha tudo o que é possível e nada, ninguém a casa esta deserta.
Um vento forte quase arranca as janelas do sitio. As portadas batem com força
contra as paredes, as sombras dançam como pequenos demónios satisfeitos pelo
meu medo. Ao longe, através da minha janela vejo uma luz da casa vizinha acesa,
não perco tempo e corro para a porta, desesperadamente tento abrir esta, mas
não consigo, parto as minhas unhas neste processo enquanto puxo o trinco e
tento abrir, mas nada.
- Estás a dar-me trabalho, eu
não gosto de trabalho. – olho para trás, o que antes era um gatinho, agora
parece uma pantera de um tamanho anormal, escanzelado e o pelo parece molhado.
– Importas-te de ficar quietinha? Facilita-me o trabalho! Vais morrer de qualquer
maneira, e poderias morrer sem estar cansada. – o sorriso, sim deve ser um
sorriso, mostra todos os dentes que Josh tem, até os dentes detrás, fios de
baba escorrem pelos dentes e pingam da ponta do focinho dele.
- Tu não podes ser real –
choramingo – Não podes, tu adoras quando te acaricio a cabeça, ou dou beijinhos
no teu narizinho pequenino, o meu Josh nunca me faria mal.
Ele parece engasgado e logo
percebo que era uma gargalhada.
- És tão idiota, e é por seres
tão idiota que terei todo o prazer do mundo de te matar. – dito isto Josh
começa a andar na minha direção, e o medo toma conta de mim, pego numa pequena jarra que está sobre uma
mesa de canto perto da porta, e atiro contra o gato monstruoso, acerto-lhe e um
fio de sangue escorre da cabeça dele, Josh fica atordoado por momentos o que me
dá algum tempo de avanço, corro para todas as janelas, grito e bato nelas
quando não as consigo abrir. O pânico consome-me, aquele friozinho pelas costas
envolve-me como um manto, só consigo sentir medo, só consigo chorar e por mais
que tente escapar…. Não consigo, caio de barriga e bato com força no chão,
sinto as garras cravadas nas minhas costas e outras nas minhas pernas,
esperneio e remexo-me para conseguir que os gatos saiam de cima de mim, as
dores são cada vez mais atrozes, sinto algo quente a escorrer pela minha pele.
- Humm…a humaninha desistiu?
Aceitaste por fim o teu destino? – ouvir a voz que sai do meu gato, é como cair
em vaco, vazio, frio, distante. Levanto a cabeça e olho de novo para a janela
da sala, um pouco mais ao lado está a lareira e eis que vejo a grelha de
proteção, pesada e bastante dura. Mostro derrota e descanso a cabeça sobre os
meus braços, choramingo como que aceitasse por fim o meu destino. O Josh sai de
cima de mim e com uma pata bate-me de lado, o que faz com que me projete contra
a parede oposta, deixando-me sem ar e desnorteada. Quando finalmente volto a
ficar em mim vejo Josh sentado nas patas traseiras a olhar para as garras…
- Vou matar-te…. Lenta….
Demoradamente…. Arranco-te a pele com as minhas garras…ou as entranhas
primeiro? – ele faz uma pausa e olha para mim. – Estou indeciso, achas
possíveis? – e torna-se a rir, uma gargalhada meio engasgada. Levanto-me de um
salto e corro para a chaminé, pego na armação de ferro da lareira e atiro-a
contra a janela da sala, esta estilhaça-se e corro para a rua a todo a
velocidade! Mesmo com o meu corpo a protestar, mesmo com todas as dores que
sinto no meu corpo, corro sem parar e quando finalmente olho estou a chegar a
porta do meu vizinho, bato como se não houvesse amanha…o que provavelmente pode
acontecer, eu posso não ter o dia de amanha. Continuo a bater forte e firme.
- Por Favor!!, Abra!! – suplico
enquanto bato na maldita porta, oiço bufar atrás de mim, um bufar meio rosnado
e olho sobre o ombro o Josh caminha na minha direção, o vermelho dos olhos
brilha como a luz das chamas – Alguém abra a maldita porta!!! Socorro!!!! POR
FAVORRR ELE VAI MATAR-ME! – mas quanto mais grito, mais a minha voz falha,
sinto pressão na minha garganta, como se uma mão invisível a apertasse, o ar já
não entra nos meus pulmões. Torno a insistir em trazer oxigénio para dentro do
meu peito e faço força para gritar de novo, mas nada a voz não sai, é como se
tivesse ficado rouca. Vertigem tomam
conta do meu ser e começo a ver todo desfocado, uma luz suave mas distante
entra no meu campo de visão, sinto pancadas no meu rosto e oiço um som…eu
reconheço este som, mas… não, não pode ser. Prefiro abraçar a escuridão e
deixar-me levar. O meu corpo flutuo no nada, e a minha mente fica completamente
apagada.
***
Acordo com uma dor de cabeça
tremenda, sinto como se tivesse passado o TGV por cima do meu corpo, podia
jurar que me doía coisas que seria impossível de doer, até o meu cabelo me dói,
acreditem.
- Catarina! Vem comer o
Pequeno-almoço está pronto e já estás atrasada! – abro os olhos novamente ao
ouvir a minha mãe a chamar-me, viro o rosto para o lado e vejo o despertador.
- Raios!!! – salto da cama e
corro para a casa de banho, tomo um duche rápido escovo os dentes por fim volto
ao quarto e tiro umas calças de ganga e um top e um casaco fino. Quando termino
corro até a porta do quarto mas paro de repente e olho para trás. Josh está
deitado com as patinhas cruzadas e a cabeça deitada sobre as patas, de olhos
fixos em mim, vou dar um passo para ele, acaricia-lo e dar um beijinho, mas
paro enquanto o observo e ele levanta a cabeça com o olhar cravado em mim como
adagas, como se sentisse o meu medo….dele. Pego na mochila e saio disparada do
quarto onde corro até a cozinha, bebo a minha caneca de leite e uma fatia de
bolo de chocolate, pego numa maça e saio a correr de casa. Mas rapidamente
torno a parar, muito devagar viro-me para trás e olho para a janela do meu
quarto no primeiro andar, Josh está sentado no parapeito da janela…os olhinhos
tristes enquanto me observa. Arrepio-me da cabeça aos pés e viro me para
frente. E grito… grito como se a minha vida dependesse disso, grito com toda a
força que me é possível e os meus pulmões permitem, até que algo me atinge na
cara….
- Credo Catarina, tás maluca? -
vejo a minha amiga com as mãos junto ao peito e os olhos muito abertos, depois
de me ter dado uma valente chapada na cara.
- Des..desculpa… assustaste-me.
–confesso envergonhada, credo o que se passa comigo? Será possível que acordei
hoje e tudo me assusta? Mais do que o normal? – recomeçamos andar em
direção a estrada, o meu velhinho Polo
está esta estacionado na berma da estrada. Destranco o carro e entramos, sei
que Rafaela está a falar, mas nem presto atenção a isso… algo hoje não está
bem, e não é só o aperto no meu peito e as dores no corpo que me dizem isso.
- Hello?? Terra chama Catarina,
está alguém ai? – vejo os dedos gorduchos de Rafaela a frente dos meus olhos. –
Não estás armada em Anta né? Porque por favor, isso não pode ser só porque esta
noite é noite de Halloween…
- Noite quê? – Guincho
completamente e nem a deixo terminar a frase. Odeio a noite da bruxas, odeio as
pessoas supersticiosas, odeio os fatinhos que vestem e de baterem porta a
porta, odeio o facto de nesta noite em concreto ter de prender Josh em casa,
tudo porque é um gato preto, tudo porque há gente retardada que usa gatos
pretos em rituais absurdos!
- ….. lembras-te? – volto dos
meus pensamentos quando vejo a Rafaela a olha fixamente para mim, e tenho de
admitir, só ouvi o final.
- Rafaela, seja o que for que
tenhas em mente a resposta é não. – dito isto abro a porta do carro e saio, já
estamos de frente a escola e este é o meu ultimo ano aqui, depois será a
universidade, se bem que ainda não me decidi e estou a pensar numa pausa.
- Oh Cati, va lá, não faças
isso, é uma festa por amor aos santos! Vem lá, por favorrrrrr – olho para a
Rafa, ela faz um olhar idêntico ao gato das botas, mas não me convence, noutro
assunto talvez, mas noite de Halloween? Nunca!
- Não insistas por favor, sabes
que nõ alinho nessas merdas. Odeio Halloween e tudo o que o envolve, então por
favor respeita isso!
- Mas….
- Mas nada Rafa, que merda! –
sei que estou a ser bruta, e não há qualquer razão para isso, mas fodasse, deem
um desconto sim? Algo se está a passar comigo, estou nervosa, ansiosa e
irritada além de assustada. Então se estou na defensiva, não me critiquem. E a
Rafaela parece perceber isso, pois olha-me bastante seria e não diz mais nada.
Chegamos finalmente as aulas e o dia corre normalmente, incluindo os piropos
horríveis de Carlos, que merda, ele não vê que são completamente fora? Por
vezes sinto-me um osso sabem, daqueles ossos suculentos e andantes…em que nós
passamos e os cães olham e babam com a língua pendurada? Sim… isso mesmo! É
horrível não é? Oiço mais um toque da campainha, mais uma aula que terminou,
arrumo as minhas coisas e caminho até a porta onde espero por Rafaela.
- Queres boleia? – inquiro
quando esta chega ao pe de mim.
- Não obrigada, vou com a malta
até ao Scorpions e depois vamos para a festa… se mudares de ideias….
- Fica descansada, não irei
mudar de ideias, nem que chova picaretas em brasa e haja unicórnios a mugir.
- Arghhh que seja cota. Até manhã.
- Diverte-te. – Rio-me para Rafa
e vou até ao meu carro, o caminho todo sinto-me observada, e dou por mim a
pensar em Josh, que raio se passa comigo? Suspiro frustrada ou desanimada, nem
mesmo eu sei. Quando chego perto do meu bolinhas, destraco este e entro, coloco
as minhas coisas no banco do passageiro e ligo o carro…mas… ele não liga, nem
sinal. Volto a insistir nele e… nada..
- Oh Va lá, minha linda,
maravilhosa lata velha, não me deixes na mão… - torno a tentar meter o carro a
trabalhar…. Nada. – Não vais fazer isso com a mamã certo? Va-la, já é tarde, or
favor pega… - insisto de novo…mas nada.
– Fodasse, carro de merda, chaço do caralho, sardinha em lata ferrugenta e
imprestável! – grito com o carro enquanto bato com as mãos no volante, saio do
carro furiosa e bato com a porta com o máximo de força e ainda chuto a merda
desta lata velha. Olho para o céu que está cada vez mais escuro.
- Não há mais nada para
acontecer? Começar a cho... – nem termino de falar, e começa a chover
torrencialmente, como se os céus estivessem furiosos! – Mas que grande lata!! –
resmungo para os céus, deixo a minha mochila no carro assim como livros e tudo
mais e levo comigo só o telemóvel e a chave de casa e do carro. Nem me dou ao
trabalho de vestir o blusão que está no banco detrás, já estou ensopada mesmo,
gelada até aos ossos por isso.
Inicio a minha caminhada até
casa, será uma hora e meia no mínimo andar, passar por um pinhal enorme e
escuro e depois por um cemitério. Vocês devem de se estar a perguntar porque
não ligo a minha mãe? Simples… porque são Oito horas… olho de novo ao relógio.
- Raios me partam, já é oito
horas? – rosno e tento acelerar o passo, mas pouco depois sou obrigada a
tentar-me proteger uma pequena casa abandonada na berma da estrada, ela já se
encontra vandalizada, sem janelas ou portas mas está boa o suficiente para me
proteger da chuva que está cada vez mais forte, e é de todo impossível
conseguir andar e manter os olhos abertos, até porque as gotas de chuva parecem
pedra a cair em cima da minha cabeça.
Sento-me no chão enquanto espero
que a chuva passe, mas nada, cada vez está pior e para ajudar, estou sem rede,
provavelmente por culpa deste maldito tempo.
- Que mais pode acontecer?
Porque comigo? Porquê hoje? – abraço-me a mim mesma, estou cada vez mais e mais
gelada, talvez se tivesse trazido o blusão estaria melhor. Teimosa de um raio!
Acho que passei pelas brasas em
algum momento, pois não me lembro da chuva abrandar e quando olho ao relógio já
são 23:18. Levanto-me rapidamente e ponho-me a caminho, a caminhada está longe
de terminar, por isso não posso perder tempo.
Já estou andar um bom bocado e
pouco falta para passar o cemitério, quando aquela sensação se faz presente,
sinto-me observada e todos os meus pelos da nuca se arrepiam, abraço-me mais a
mim mesma e tento acelerar ainda mais um passo, oiço um ruido e nem penso em
olhar para trás, muito pelo contrario, o medo gela as minhas costas e eu desato
a correr, corro como se não houvesse amanha, como se a minha vida dependesse
disso e é ai…é ai que me lembro…
- Josh… - sussurro e paro, rodo
sobre mim mesma e vejo o que vem atrás de mim, uma sombra enorme persegue-me,
não posso dizer se é homem ou mulher, se é animal ou o que seja, porque não
percebo ao certo. Tomada pelo medo e pânico desato a correr, corro até me doer
a barriga, as pernas e o meu peito arder . Um ardor horrível atinge-me nas
costas e eu caio de joelhos no chão, tento-me levantar, mas sinto-me dormente.
- Feliz Halloween humana… -
aquela voz sussurrada, rouca e abafada causa-me calafrios e eu conheço ela,
esta voz esteve presente no meu sonho, o sonho que eu não me recordava.
- Josh…. – sussurro tão baixinho
que mal me oiço a mim mesma, mas aquele ser ouve, aquele mostro dá uma
gargalhada, que mais parece que se engasgou, então um vento gelado fustiga o
meu rosto os meus cabelos rodopiam no ar e eu olho em frente, vejo o meu gato
preto, Josh está a dez metros afastado de mim, mas…. Desvio os olhos dele para
o que está em pé atras de mim.
- Ora ora, podes ter salvo ela
no sonho meu amigo, mas aqui ela é minha… - a sombra nojenta diz enquanto
mostra um género de sorriso vitorioso. Eu encolho-me e choramingo e torno a
olhar para Josh, vejo ele crescer diante dos meus olhos, passar de um simples
gato preto a uma pantera negra de olhos vermelhos e dentes assustadoramente
afiados.
- Enganas-te, a humana é minha
desde sempre e tu sabes que não deves mexer no que é meu. – aquela voz, olho para ele, e vejo Josh olhar
para mim e depois num impulso estupido coloco-me em pé e torno a correr com tudo o que ainda está vivo
dentro de mim, Josh começa a correr na minha direção, e salta por cima de mim,
na mesma altura que eu me baixo assustada, tento para mas os meus pés
escorregam no chão e caio de traseiro. Olho para trás e vejo Josh a lutar com
aquela coisa, é uma luta renhida, ambos estão em forma e não mostram ar de
fraqueza. Rosnados, arranhões e mordidas
é o que está presente, e eu grito, grito quando vejo Josh ser atirado contra
uma arvore, grito quando vejo o corpo felino curvar-se num angulo estranho e
grito por medo. A Sombra vira-se para mim e começa andar na minha direção…
- Todo este tempo eras tu… -
sussurro – Sempre foste tu a meter-me medo, sempre foste tu a perseguir-me!
- Huu a humana descobriu como se
usa a massinha cinzenta, diz-me quer um Nobel agora?
- Vai-te fuder, criatura
nojenta! – sinto uma raiva de todo o tamanho a crescer em mim, fui enganada
este tempo todo, sempre sonhava com ele, mas o pesadelo era destorcido, e o meu
medo recaia sobre Josh, o meu gatinho que me escolheu, que todos os dias me
esperava na porta da escola que ronronava quando lhe dava as minhas sandes…. O
olhar triste que Josh me dava todas as manhas neste ultimo mês, feriu-me
profundamente, ele sabia… apenas eu não me lembrava, apesar de sentir medo, não
só pela velha mansão, de madeira que rangia a cada passo, as portas negras e
alpendre, tudo neste ultimo mês, Josh sabia, e como sempre lhe dizia na
brincadeira…. Tu não és um gato… estás apenas amaldoçoado… és um gato
amaldiçoado.
Grito com a dor no meu peito, e
corro de encontro a sombra, a dor aumenta ainda mais no meu peito e as lagrimas
correm pelo meu rosto. Quando me preparo para bater de encontro a Sombra…eu…
transpasso-a. E Caio no chão ao lado de Josh, choro, e abraço o corpo da minha
pantera negra, o corpinho ferido dele faz doer o meu coração.
- Por favor… perdoa-me. Não me
deixes – abraço-o ainda mais a mim o pelo suave e cheiroso de Josh invade os
meus sentidos e fica molhados com as minhas lagrimas – Que vou fazer sem ti?
- Oh por favor, deixa-me
terminar com isto, esta cena está a dar-me gases! – olho para a Sombra, e volto
a ser percorrida pela minha raiva. – Vai-te fuder, invejoso! – volto a olhar para
baixo e vejo que Josh está a mexer-se, quando mais o abraço, mais ele se mexe e
mais fraca me sinto, as tonturas voltam atacar-me e eu pergunto-me desta vez….
Sonho? Ou Realidade? A Sombra está estática a olhar para nós, como se estivesse
preso, vejo isso, e quando torno a olhar para Josh, não é uns olhos felinos e
vermelhos que me olham…são olhos humanos, pretos e lindos.
O meu corpo entra em clapso e
vejo-me a cair para o lado, Josh segura-me e deita-me de lado no chão, vejo-o
andar descontraidamente em direção ao sombra, Josh sussurra algo, e quanto mais
ele sussurra mais fraca fico e mais o Sombra grita, fecho os meus olhos, não
quero ver, quero apenas acordar, preciso de acordar…estou a sonhar não estou?
- Dorme querida, estás a
salvo…por agora. – e deixo-me embalar pela voz suave e masculina de Josh… mas o
meu gato preto não deveria falar….devia? Nem parecer um jovem lindo de cortar a
respiração…. Ou devia?
Tento falar,
mas uma vez mais nada sai nada, desisto e deixo-me levar pelas trevas, odeio o
Halloween!