Opinião
Comecei a ler este menino, a 5 de Janeiro. No entanto tive
de interromper a leitura devido a uma lesão superficial na córnea.
Quando
voltei a pegar neste menino, senti-me desiludida, não com ele, mas comigo. Por
mais que o quisesse ler não conseguia, ora ardia-me o olho ou desfocava ou
simplesmente começava a lacrimejar. Mesmo insistindo na leitura, tive de parar
varias vezes, pois se não era o olho era as dores de cabeça fortes que me dava.
No entanto, um dia destes agarrei neste menino, inspirei
fundo e deitei-me na cama. Olhei para ele e disse-lhe: “Meu anjo, nem que tenha
picaretas em brasa nos olhos, eu irei-te ler. E não irei parar nem que seja o
fim do mundo.” Resumindo, mesmo por entre lágrimas, soro para os olhos e afins,
eu terminei. E não me arrependo nem um pouco disso.
Confesso que é primeira vez que leio algo da autora. Admito
que quando comprei este menino, tive receio. E vocês sabem, que tenho sempre
algum receio no que toca a escritores Portugueses. Uma vez mais, receio
infundado.
Adorei este mundo único e fantástico que a nossa Carla M.
Soares nos apresenta, O Cavalheiro Inglês é um balsamo para a alma, uma
história passada em Portugal, em Lisboa. Para mim, - tal como aconteceu com a
trilogia Perdidos de Rute Canhoto, - eu consegui entrar na história, todos ou
quase todos os lugares mencionados. Eu consegui visualizar na minha mente, ver
as cores, cheiros, ver tudo a minha volta. As Senhoras e Senhores a caminharem.
Consegui envolver-me de tal forma no enredo que quando terminei foi como se tivesse
sofrido um puxão brusco ao qual me deixou desorientada.
Como leitora e portuguesa, viajar neste mundo criado pela
autora, e conseguir reconhecer cada canto é único. Não há palavras. Vocês
imaginam-se, a passear em determinada cidade e de repente pararem e olharem em
volta, e pensarem, caramba eu li um livro X que tinha acontecimentos aqui. E
darem por vocês com a mente a viajar até a esse tempo e lugar, deixar de ver os
carros, a poluição sonora e verem apenas e unicamente o mundo criado naquele dia,
naquele tempo?
Voltando a história, adorei a Sofia. Ela tem garra, de tola
não tem nada e sempre coloca a família em primeiro lugar por mais doloroso que
possa ser. Gostei da personalidade da Sofia, muito mesmo. E o Robert? Oh que
cavalheiro, acho que fiquei apaixonada hehe é um homem misterioso e que todas
as ações deste, se tornam confusas para a Sofia. E o Português dele? Oh o que
me ri por vezes.
Tião, há meu jovem senhor, que vontade eu tive de lhe bater
varias vezes e a Vina? Pareceu-me um doce, confesso que gostaria de saber mais
deste casal.
A prima Amélia, achei a Senhora um amor, e também adorava
saber mais da sua história, ela parece-me um pouco… misteriosa.
Outra personagem que me deixou curiosa e preocupada foi a
Maria Francisca, que raio se passa na cabeça dela? Como se deixou levar até
aquele estado? Bem, vendo bem não seria de todo impossível, não é? É
assustador, simplesmente assustador.
Parabéns à Carla M. Soares por este maravilhoso, único e
excelente mundo que nos trouxe. Um romance que merece sem dúvida ser apreciado.
Um mundo único que leva os leitores a deliciarem-se e ansiarem por mais.